O FC Porto de Villas-Boas: um dilema sem cobertura
Villas-Boas (foto: FC PORTO)

O FC Porto de Villas-Boas: um dilema sem cobertura

OPINIÃO21.06.202407:00

Novo FC Porto faz muitas contas, mas a obra terá de começar a tempo de ganhar

A nova equipa de liderança do FC Porto tem passado muito tempo a escavar buracos e não parece que estas máquinas vão parar tão cedo. Só nos últimos dias, ficámos a saber que a tão falada e ambiciosa Academia da Maia não passava, afinal, de uma promessa eleitoral sem cobertura. Não havia dinheiro para avançar, mas a campanha foi muito exigente e tudo se fez para tentar que o FC Porto não parecesse uma casa a precisar de profundas obras de reestruturação.

Também esta semana, André Villas-Boas confirmou que o capitão, última figura do tridente Pinto da Costa-Sérgio Conceição-Pepe, está de saída (pelo menos enquanto jogador). A justificação não foi desportiva, mas claramente assumida: redução da massa salarial e de custos. Num FC Porto com 8 mil euros na conta, não se decide entre a qualidade e importância de Pepe com 41 anos ou a de outro central mais jovem mas com menos talento e voz no balneário. Poupa-se no salário e pronto.

Ao mesmo tempo, o presidente continua a acenar para cláusulas de rescisão na esperança de recuperar o FC Porto bom vendedor, mas percebe-se facilmente que ou nem estas são o suficiente para isso (Francisco Conceição que o diga), ou o clube está disposto a quase tudo para amealhar os milhões que tanto faltam e reduzir os tais custos. Grujic ganha demais e joga pouco, Pepê e Diogo Costa podem ajudar com grandes encaixes financeiros, Galeno, Wendell e Evanilson podem estar valorizados pela seleção brasileira e é aproveitar e se um proscrito ou outro puder devolver pelo menos o investimento que já foi feito (e provavelmente ainda não pago) tudo bem. A formação terá maior palco - e Rodrigo Mora e companhia agradecem.

Entretanto, a nova estrutura do FC Porto cresce e Villas-Boas admitiu sem problemas que, aqui, a fase é de investimento. Para remodelar e sustentar o clube para o futuro, são precisas novas figuras de direção. É uma opção legítima, mas arriscada. Os portistas viram sair um treinador muito adorado e parecem satisfeitos com a continuidade assegurada por Vítor Bruno (também ele muito mais barato do que Sérgio Conceição...), mas só os resultados dirão como vão reagir a tudo isto e ainda às despedidas e entradas do plantel.

Aconteça o que acontecer, nem o presidente, nem o treinador e muito menos os adeptos irão retirar a exigência de títulos. O ano zero deste novo FC Porto terá de tapar os buracos enquanto ganha, isso é certo. Mas, até agora, a mensagem que passa - entre dívidas, falta de dinheiro e a necessidade de equilibrar contas - é que o dragão está ainda mais fraco do que o que se pensava quando acabou a época em terceiro e tão longe dos rivais.

Villas-Boas terá de resolver, então, este dilema: continuar a escavar as razões dessa fraqueza, para ganhar tempo para apresentar resultados, ou começar a obra sem apontar defeitos aos alicerces, para não desvalorizar ainda mais uma casa que treme por todos os lados.

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