O estatuto das Casas do Benfica
FERREIRA SANTOS

BOLA DO DIA O estatuto das Casas do Benfica

OPINIÃO16.08.202410:00

Proposta única contempla mudanças significativas, mas ficou curto o passo dado relativamente a um dos temas mais sensíveis das assembleias

Quase três anos depois da eleição de Rui Costa como presidente, o Benfica parece finalmente ter uma proposta para revisão dos estatutos do clube. A complexidade do tema não justifica em pleno o tempo que foi preciso esperar por novidades, numa morosidade pouco ou nada condizente com a relevância dada ao assunto pelo atual líder encarnado em período eleitoral.

É de realçar, em todo o caso, que a proposta finalmente elaborada, e enviada à Mesa da Assembleia Geral para posterior apresentação aos sócios, resulte de um trabalho conjunto da atual direção - e da comissão de revisão de estatutos - com o movimento Servir o Benfica. «Não é uma proposta ideal, é a proposta possível», resumiu Francisco Benítez, o principal rosto do referido grupo de sócios e candidato derrotado nas eleições de outubro de 2021. Um consenso deste género implicaria necessariamente cedências de todas as partes, mas a proposta já apresenta «melhorias substanciais», como reconhece Benítez, que destaca a abolição do voto eletrónico (salvo unanimidade entre listas), a valorização dos sócios-correspondentes e a possibilidade de convocar eleições em caso de chumbo do Relatório e Contas.

Os principais destaques vão para a limitação de (três) mandatos, aplicável aos presidentes dos diferentes órgãos sociais, e a renumeração dos elementos do corpo diretivo, com um limite definido pela faturação do Grupo Benfica, e que não pode ser acumulável dentro desse universo. A proposta contempla outros passos relevantes, como aquele que aproxima o peso dos sócios mais recentes aos dos mais antigos, embora permaneça válido o debate que defende o princípio de que cada sócio deve corresponder a um voto.

A proposta também mexe com o estatuto das Casas do Benfica, cujo peso eleitoral - até aqui era de 50 votos, de forma transversal - pode passar também a ser determinado por escalões de antiguidade, como acontece com os sócios individuais. Um passo na direção certa, mas claramente insuficiente.

É contraditório que o clube mostre disponibilidade para equilibrar o peso eleitoral dos associados, mas, por outro lado, mantenha esta participação coletiva. Um sistema que não promove a transparência e que terá sempre tendência para proteger o poder instalado. As casas/núcleos/delegações desempenham um papel muito importante na ligação entre clubes e adeptos, mas não podem, de forma alguma, condicionar o cariz democrático.

A mudança, nesse capítulo, tem de ser mais profunda.

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