26 abril 2024, 09:00
O sucessor de Schmidt já saberá ao que vem
Rui Costa não tem de perceber de futebol para tomar as melhores decisões, o que não tem acontecido ao longo desta temporada, desde logo ao deixar Schmidt a ‘arder’ sozinho
Argentino não foi líder fora de campo porque não o deixaram e no relvado por culpa própria
Otamendi veio a público dizer que só não deu mais vezes a cara nos maus momentos esta época porque o departamento de comunicação do Benfica não lho permitiu. Com isso, foi elogiado pelos adeptos por ter colocado a nu toda a fragilidade da estratégia comunicacional do clube, evidente durante a temporada, quando deixou crescer a aura negativa em torno de Roger Schmidt e, por arrasto, dos seus futebolistas. Provavelmente, o capitão dos encarnados sentiu que podia ter dado um ou dois murros na mesa, tocado a reunir e ajudado a contribuir para melhorar a situação. Talvez. Nunca o saberemos.
No entanto, se o argentino se sentiu reduzido no seu papel de capitão no discurso, já não se conseguiu assumir como tal por culpa própria em campo. Não que não tenha gritado, corrido ou cortado jogadas perigosas, mas porque não foi o exemplo de serenidade e controlo que alguém com a sua experiência e a jogar na sua posição deveria ser. Otamendi, que estava em final de contrato e renovou por duas temporadas, até junho de 2025, ficou para ver António Silva – que ainda assim também realizou uma época aquém das expetativas – ficar com a imagem de adulto na sala. Foram inúmeras as vezes em que se precipitou na abordagem, tentou o carrinho ou o desarme, em vez de apostar na contenção e aguardar pela decisão do rival. Veja-se o golo de Gyokeres em Alvalade na Taça de Portugal e muitos outros exemplos, até em encontros recentes.
26 abril 2024, 09:00
Rui Costa não tem de perceber de futebol para tomar as melhores decisões, o que não tem acontecido ao longo desta temporada, desde logo ao deixar Schmidt a ‘arder’ sozinho
Se o campeão do mundo não pode ser encarado como único réu da má temporada, igualmente há algum tempo que também não deveria ser olhado como indiscutível, nem que seja por poder estar a tapar a progressão de jogadores com qualidade como Morato ou Tomás Araújo. Em teoria, de acordo com a forma como o Benfica quer jogar, aparentemente com ou sem Schmidt, uma linha defensiva com maior capacidade na construção e mais rápida, com privilégio para o jovem português, teria mais condições para sair da pressão contrária, e jogar mais subida com maior controlo da profundidade. Ao mesmo tempo, tudo parece apontar para que António Silva e Morato sejam negociáveis, a fim de que João Neves não o seja já, porém a SAD não pode continuar a acreditar que seja Otamendi a continuar a segurar as pontas.
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Muito ainda está por saber sobre o mercado do Benfica, e os problemas estão longe de cingir-se apenas à defesa. Não só a época ainda não acabou como a indecisão em torno de Schmidt persiste – e o despedimento, enquanto não surgir alguém inequívoco para substituir o alemão, só poderá ser mau ato de gestão, ainda mais com tamanhos custos associados – e só se poderá avançar a partir do traçar de rumo.
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À luz do que sabemos, que é o que Rui Costa disse a certa altura sobre a forma como queria ver o Benfica jogar, os reforços terão de ser cirúrgicos. E rápidos a fechar. Com tudo o que se passou na temporada passada, esperar pelo verão para atacar as laterais e eventualmente o tal ponta de lança eficaz parece a espera de Godot. Com os riscos que acarreta. O mesmo se pode dizer da comunicação. Nada irá mudar?