Depois de uma campanha que deixou muito a desejar no Campeonato da Europa da Alemanha, durante a qual houve erros de monta por parte de Roberto Martínez, nomeadamente a insistência em manter Cristiano Ronaldo como titular indiscutível — com o seu estatuto continua a ser dono e senhor na equipa das quinas —, Portugal apresta-se para iniciar o apuramento na Liga das Nações 2024/2025 e mais tarde a qualificação para o Campeonato do Mundo, que será realizado Canadá, Estados Unidos e México. Foi um autêntico falhanço aquilo que Portugal fez em terras germânicas este verão, mas Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, manteve a confiança no selecionador nacional, uma decisão justificada seguramente no facto de ter contrato até 2026, precisamente o ano do Mundial. Passado algum tempo do fiasco no Europeu, Roberto Martínez escalpelizou em entrevistas o torneio realizado por Portugal e reconheceu, valha-lhe ao menos isso, que o balanço não foi positivo, com a equipa de todos nós a cair logo nos quartos de final aos pés da França nas grandes penalidades. Até aqui, tudo bem, um leitura correta, mas o problema prende-se, mais uma vez, com Cristiano Ronaldo. Acho que é opinião quase unânime de que a titularidade em todos os jogos do avançado português, sempre em défice de concretização e até físico, não ajudou de modo algum Portugal. Havia gente habilitada no banco, com vontade de mostrar serviço e não era necessário Cristiano Ronaldo andar a arrastar-se no relvado, procurando incessantemente marcar um golo para ter mais um recorde. E tentar fazê-lo de qualquer forma, mesmo que fosse um livre junto à bandeirola de canto,,, Numa recente entrevista ao canal Now, Cristiano Ronaldo foi contundente quando ao peso que tem na Seleção Nacional. Hierarquia e arrogância. «Tenho um orgulho imenso em representar as nossas cores, é um sonho. Por isso, quando deixar a Seleção não vou avisar ninguém antes, será uma decisão muito espontânea da minha parte, mas muito pensada também», assegurou. O ego do capitão da equipa das quinas não cabe em Portugal, extravasa tudo o que é limite, pois ainda não se mentalizou de que o seu tempo áureo, que os portugueses agradecem e mostram imensa gratidão — eu incluído —, já lá vai. O madeirense não se consegue capacitar de que já não possui as qualidades dos períodos em que vestiu as cores do Manchester United, Real Madrid e até Juventus. Roberto Martínez também, convenhamos, não tem sido coerente nas suas opções e a última convocatória é disso exemplo. Finalmente olha para o campeão Sporting e dignou-se a eleger Pedro Gonçalves, Trincão e até Quenda, quando os dois primeiros já mereciam ser eleitos para o Campeonato da Europa da Alemanha. O selecionador fala em novo ciclo e mantém Cristiano Ronaldo nas opções, pois o ponta de lança tem um estatuto acima do próprio treinador. Não sei se a situação se deve a questões de índole comercial, mas se Cristiano Ronaldo mantiver a sua postura em campo na Liga dos Nações os portugueses, por muito que o idolatrem, não lhe vão perdoar. A ele e a Roberto Martínez...