Canal 11 é um projeto da Federação Portuguesa de Futebol
Canal 11 é um projeto da Federação Portuguesa de Futebol (Foto: A BOLA)

O Canal 11

OPINIÃO01.02.202509:00

'Livre e Direto' é o espaço de opinião semanal do jornalista Rui Almeida

Desde 1 de agosto de 2019 que nada continua igual no sistema de comunicação integrada da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Com o início de emissões regulares do Canal 11 mudou o paradigma, generalizou-se o auditório, foram definidos objetivos claros, em face dos imensos desafios que se colocavam ao futebol português, e foi cumprida uma estratégia de médio a longo prazo que, evidentemente, ainda está em curso.

A FPF, no seu amplo processo de reestruturação, surgiu como verdadeiro benchmark mundial em duas áreas, que, de resto, tenho a espaços abordado nesta colunas, ao longo dos últimos meses: a formação superior e especializada, através da Portugal Football School, e magistralmente idealizada, na sua forma, na sua oferta e no ganho sucessivo de notoriedade perante as instituições de ensino tradicionais aquém e além-fronteiras, pela visão de André Seabra, e a comunicação audiovisual, na vertente televisiva, tornando-se mesmo a primeira federação desportiva do mundo a dispor de uma ferramenta 24/7 news com as caraterísticas do Canal 11, pensado, na sua base, pelos faróis de nevoeiro do então CEO da FPF Tiago Craveiro e pela incontornável e única capacidade de criação e lançamento de novos desafios de mercado, no capítulo televisivo, do Nuno Santos.

Todo o edifício estrutural e temático do 11 visa, em última instância, o desenvolvimento do futebol, de modo transversal e equilibrado, em qualquer pedaço de terra portuguesa. Mais jovens (raparigas e rapazes) interessados na modalidade, com condições para se iniciarem na prática, e estimulados por um conjunto de vertentes de desenvolvimento que, evidentemente, passa pelo estímulo de um media em sinal aberto que lhes permita o contacto com ídolos, o crescimento do sonho e a realização de uma motivação que, em boa verdade e para muitos de nós, é quase inata e, por um motivo ou por outro, não encontra o caminho certo para ser trilhado.

O Canal 11 apareceu nas pantalhas para isso mesmo: para levar o jogo mais longe e de forma mais organizada, sendo um veículo indispensável para o reforço dos ótimos indicadores de desenvolvimento que — mesmo com uma pandemia pelo meio, com as consequentes limitações criadas — a FPF tem apresentado nos últimos anos.

A sua influência é de tal modo marcante que, neste momento, quaisquer decisões estratégicas que possam vir a ser tomadas, em diversas áreas de intervenção, pela nova Direção da entidade federativa (qualquer que seja a lista vencedora, embora me pareça que uma delas está muito mais sensibilizada para esta realidade…), passam pela integração do canal de televisão como elemento charneira, como ferramenta ideal e como processo evolutivo para o sucesso de qualquer ação.

E apontam-se aos (novos) responsáveis editoriais e de programação do Canal 11 responsabilidades acrescidas no que se poderá designar de fase de estabilização. Com novas e definitivas instalações construídas de raiz na zona sul da Cidade do Futebol (em conjunto com a Arena Portugal, nova casa do futsal), com a credibilização entretanto conseguida por audiências mais sólidas (sempre considerando que se trata de um canal de nicho, embora um segmento muito transversal, como o futebol, o futsal ou o futebol de praia…), importa que o 11 prossiga, agora, para a planificação de conteúdos com outros destinatários: os PALOP e todo o (gigante) mundo que fala e entende o português.

A visão do canal federativo de televisão deverá permitir, nos próximos anos (com um plano elaborado a médio e longo termo, visando no tempo, por exemplo, a realização e organização do Mundial de 2030 em Portugal), uma implementação efetiva fora de portas.

Não apenas com a sua integração nos planos e nos serviços de operadoras estrangeiras, mas com acordos e uma verdadeira cooperação comunicacional com federações dos países africanos que se expressam em português e com a diáspora, essa numerosa equipa lusa espalhada pelo mundo, que talvez ainda sofra e sinta mais o seu país pela porta do desporto e, particularmente, do futebol, do que por qualquer outro estímulo, e que tem, num futuro próximo, de constituir um dos objetivos do canal.

À saída do Pedro Sousa (um fantástico profissional que muito deu ao 11 e à FPF, e com quem trabalhei no primeiro ano e meio de emissões regulares) deve corresponder a continuidade do excelente serviço público ao jogo mas, igualmente, um acréscimo de arrojo nos meios e nos horizontes.

À imaginação e capacidade de coordenação do Jaime Cravo e do Miguel Belo importa que sucedam projetos d’autre mer, fazendo do Canal 11 um instrumento de geopolítica desportiva e uma identidade portuguesa presente no mundo lusófono, já que, tantas e tantas vezes, os organismos governamentais que o deveriam promover se restringem a soirées e cocktails aqui e ali, negligenciando a verdadeira defesa da língua portuguesa.

Porque é este, exatamente, o desafio que quero lançar às colegas e aos colegas que comigo integraram a equipa de lançamento do Canal 11, e a todos os profissionais que entretanto, na caminhada, se foram juntando à equipa na Cidade do Futebol: fazer o 11 um instrumento de divulgação, construção e partilha do mundo em português, da língua que falamos e na qual se entendem quase 300 milhões de seres humanos em todos os continentes.

E assim, cumpridos com brilhantismo os primeiros grandes objetivos do Canal 11, se descobririam novos e aliciantes mundos de comunicação, com visão global, pensamento transversal e capacidade de colocar o futebol como verdadeiro elemento de ligação.

Como sempre me despedi nas emissões do 11, por hoje, desejo-vos… «um bom Futebol!».

Cartão branco

Do mal… o menos! Acaba por ser um desfecho muito interessante para as equipas portuguesas, o apuramento de três delas para o play-off das competições europeias cuja fase de liga agora termina. Juntemos o V. Guimarães, com uma brilhante carreira e a permanecer na Liga Conferência, e dir-se-á que acaba por ser bom o comportamento dos emblemas nacionais. É verdade que o novo modelo de disputa das provas da UEFA para clubes é muito mais imprevisível e competitivo, mas, neste primeiro embate, as equipas lusas não se saíram mal e têm, agora, renovados desafios.

Cartão vermelho

É oficial: depois das claques organizadas do Sporting terem forçado a UEFA a fechar um dos setores de Alvalade na receção ao Bolonha, os adeptos do Benfica dão mais um deprimente espetáculo em Turim, com a piromania a vir à tona, sabendo (as claques) que o comportamento com artefactos pirotécnicos não é apenas condenável: é punido, e bem, pelas instâncias internacionais. Moral da história: parece cada vez mais evidente que as claques não gostam dos seus clubes…