O Benfica volta a descer à terra
João Neves, médio do Benfica (Foto: ZUMA Press Wire)
Foto: IMAGO

OPINIÃO O Benfica volta a descer à terra

OPINIÃO20.07.202410:15

Negócio de João Neves faz lembrar outros casos

A transferência iminente do médio de 19 anos João Neves para o PSG volta a lembrar o Benfica e o futebol português que continuam fora dos cinco maiores campeonatos da Europa.

Os clubes nacionais continuam a precisar de vender para equilibrar as contas e é o mesmo que dizer que se mantêm sem argumentos para reter talento.

Por um lado é difícil recusar valores colocados em cima da mesa e por outro é impossível oferecer aos jogadores ordenados tão altos como outros clubes.

João Neves, que desportivamente tem sido fundamental, tornou-se também num elemento agregador juntos dos adeptos benfiquistas e paralelamente no maior ativo do plantel, mas pouco haverá que a SAD dos encarnados possa fazer para o manter. Se tudo correr normalmente, sairá depois de apenas época e meia na equipa principal, numa operação que globalmente colocará €70 milhões no Benfica e que ninguém poderá dizer que se trata de um mau negócio para as águias.

Mas será natural que doa aos adeptos e lhes faça recordar outros casos das últimas décadas.

Alguns exemplos: Bernardo Silva foi vendido ao Mónaco por €15 milhões e com apenas três jogos pela equipa principal das águias; João Cancelo saiu por valor semelhante para o Valência, com dois jogos pelo Benfica; André Gomes trocou a Luz pelo Valência numa transferência igualmente a rondar os €15 milhões, com 41 jogos; Renato Sanches (que pode voltar esta época) foi vendido ao Bayern depois da época de estreia na equipa principal, por €35 milhões, com prémios que podiam colocar o negócio perto dos €80 milhões; Gonçalo Guedes foi vendido ao PSG por €30 milhões depois de época e meia; João Félix fez só uma temporada pelo Benfica e seguiu para o Atl. Madrid, a troco de €126 milhões; Gonçalo Ramos saiu para o PSG por valor a rondar os €80 milhões depois da época de afirmação no Benfica… e fora da formação do Seixal há ainda o caso do argentino Enzo Fernández, que fez somente a primeira metade de 2022/2023 e em janeiro foi vendido ao Chelsea por €121 milhões.

Por muito que custe aos benfiquistas não os ver jogar mais tempo com a camisola do clube, continua a parecer impossível mudar esta realidade e fica o (grande) consolo das transferências milionárias, quase inacreditáveis se tivermos em conta a falta de protagonismo do nosso campeonato.