Notas soltas (II)
Hoje, com outros talentos que já marcam uma nova era do nosso futebol, Rui Jorge merece, com a estrutura da FPF, erguer este troféu
A pandemia voltou a vencer a economia. É a reversão, quase que antecipando uma possível quarta vaga. Sobressalto que me chegou ontem a partir de um Grande e sábio amigo que me ligou de Sines, seu refúgio nestes tempos complexos e dando nota do prazer da vista da sua magnífica varanda sobre o mar! Nestes tempos de muitas incertezas «a narrativa é o único barco que nos permite navegar pelo rio do tempo». E o rio, só este rio, está sujeito aos movimentos das marés, por vezes com mar calmo e, em outros, com ondas fortes e revoltosas. Há uma semana aqui escrevi que «a economia venceu a pandemia» e olhava para o Porto, a final da Liga dos Campeões, a abertura das fronteiras, a via verde para o turismo, em especial o britânico. Acredito que a política é, cada vez mais nestes momentos de nenhuma certeza, a arte de prever para prover. Tal como W. H. Auden nos advertia em 1936 acerca do amanhã: «Chega. É o Mundo. É uma maneira!» E as maneiras dos Estados, nas suas decisões rápidas, aí estão! Agora olhamos para os nossos aeroportos e é a angústia do regresso a casa, de férias interrompidas, do stress dos testes, do regresso das estirpes e de novas estirpes, de mais casos positivos, a certeza de que o «tu agora não é o meu agora»! Em suma, é o regresso a 1927, quando E. M. Foster nos advertia que «o almoço vem depois do pequeno-almoço, a terça-feira depois da segunda-feira, a decomposição depois da morte e assim sucessivamente…!» O certo é que esta pandemia nos domina e condiciona, nos angustia e nos limita e é, assim, a narrativa que marca, que restringe, que torna as verdades de ontem desmentidas pelos números de hoje. E, assim, e num espaço de oito dias, a pandemia voltou a vencer a economia. É da vida, é a vida! Neste dia 6 de junho, o dia D. Na verdade, e para que nunca nos esqueçamos, o dia em que no ano de 1944 as tropas aliadas desembarcaram na Normandia e iniciaram, e com milhares de mortes e de feridos graves, e ainda o esforço soviético, a queda do nazismo. Sem esquecermos que a 8 de junho comemoramos os Oceanos e na próxima quinta-feira celebramos o Dia de Portugal! E no dia imediato arranca, em Roma, o Europeu de futebol com o confronto entre a Itália e a Turquia. E até ao dia 11 de Julho , em Londres, teremos cinquenta jogos a dominar, mesmo com e em pandemia, as atenções globais. Com horários - 14 horas, 17 horas e 20 horas - que nos vão levar entre os espreitar e o prender a atenção e, espero, em pelo menos seis jogos a puxar e a intensamente vibrar por e com Portugal. E, depois, sonhar com a reconquista do título de campeão europeu!
Rui Jorge tem hoje nova oportunidade de garantir título europeu para os sub-21 lusos
Hoje desejamos que «à terceira seja de vez»! Hoje estamos, de novo, na final do Europeu de sub-21 e, após termos ultrapassado a Espanha, vamos defrontar a forte seleção da Alemanha. Assisti, em junho de 2015, em Praga, à final que nos opôs à Suécia e sofri, e muito, com o jogo e com a derrota nas grande penalidades mas antecipei que estávamos perante um conjunto de talentos que marcariam o futuro próximo do futebol português. Deixo, aqui, alguns dos nomes dessa seleção, já liderada por Rui Jorge: Bernardo Silva e João Cancelo, Sérgio Oliveira e William Carvalho, Ricardo Esgaio e Raphael Guerreiro, Gonçalo Paciência e Ricardo Horta, Ivan Cavaleiro e João Mário, José Sá e Bruno Varela, entre outros. Hoje, com outros talentos que já marcam uma nova era do nosso futebol, Rui Jorge merece, com a estrutura da Federação, erguer este troféu que dará entrada em mais um vitrina da nossa atrativa Cidade do Futebol. Sabendo que a excelência de Rui Jorge na liderança bem renovada desta seleção tem registos impressionantes: 195 golos marcados e 61 sofridos. 9 derrotas, 11 empates e 56 vitórias. Acredito na vitória, na conquista de mais um relevante troféu europeu!
Na sexta-feira, em Madrid, iniciou-se a ibérica conquista do Mundial de 2030. Será uma luta difícil face a concorrentes fortes, incluindo no âmbito europeu. Acredito que a candidatura é motivadora e tem condições para vencer. Mas a geopolítica do futebol mundial e europeu é complexa e exige, até 2024, muitas alianças, permanente generosidade, inequívoca disponibilidade e, acima de tudo, uma mistura de sagacidade e de tenacidade. E, aqui, Portugal, a nossa Federação e os seus mais altos e competentes responsáveis já evidenciaram, à saciedade e devidamente reconhecida, excelência organizativa.
A época desportiva já acabou nacionalmente nos relvados - e hoje teremos o Trofense-Estrela da Amadora -, mas só agora se iniciou fora dos relvados. Vamos ter, uma vez mais, um verão bem quente. Há derrotados nos relvados que tudo farão para ganhar na secretaria! Há derrotados nos relvados que irão marcar em cima os números e as certidões de não dívida, a interpretação das normas dos Regulamentos e solicitar pareceres de conformidade e de desconformidade! Com o Rio Ave atento, o Farense motivado, o Vilafranquense expectante, a Oliveirense crente e ,até, o Torrense desafiante. Há muito futebol a ser jogado em junho e em julho… fora dos relvados. Para além do Europeu em Budapeste e em Munique teremos as decisões do Conselho de Disciplina, porventura deliberações do Conselho de Justiça da Federação, providências cautelares no TAD, recursos para o Tribunal Central Administrativo Sul. Pelo menos… Se o futebol parou , a justiça não vai parar. Teremos o Europeu espero que do nosso contentamento, os jogos nos tribunais e, naturalmente, a novela dos reforços. Cada dia vai chegar um jogador do outro mundo! O problema é que são, e bem, cada vez menos a acreditar no… outro mundo. Basta sabermos que mentes livres podem pensar e logo estão no presente. E podem recordar e de imediato estão no passado. E até podem imaginar, e de imediato estão no futuro. O que sabemos é que, sem precisarmos de desnecessários exageros de comunicação, a nossa mente pode viajar no tempo. É o que fiz, a partir da séria advertência de Sines, e de uma experiência sábia, nestas segundas notas soltas. Já que o universo rígido é uma prisão. Só o viajante do tempo, mesmo em tempo de pandemia, se pode considerar livre! Bom domingo!