Notas soltas
Na Mealhada, mesmo que de forma solta, vislumbrámos um ‘golpe ao estado institucional’ do futebol português
A economia venceu a pandemia. Esta é, seriamente, uma das conclusões da final da Liga dos Campeões que, uma vez mais, a UEFA outorgou a Portugal, à nossa competente Federação e, naturalmente, com a anuência do Governo da República. Sem ignorarmos o necessário respaldo presidencial: mas sem ignorarmos as críticas ontem feitas acerca da «comunicação concretizada». O que fica, depois dos dias de intensa alegria e de imenso consumo que vislumbrámos a partir da atrativa cidade do Porto, é não só o vencedor da Liga dos Campeões na presente época desportiva, mas também a convicção de que, ultrapassada que seja esta nova fase de crescimento de casos positivos, o público português vai regressar aos estádios e complexos desportivos e, porventura, antes do arranque da próxima época desportiva. A abertura de ontem no Porto e no Dragão, e a abertura no conjunto das diferentes cidades, e dos seus estádios, que vão acolher o Europeu que se aproxima, são sinais, a par dos princípios da igualdade e da não discriminação em razão da nacionalidade e da natureza da organização, que as autoridades sanitárias e o poder político de Portugal não deixarão de permitir o regresso aos estádios e complexos desportivos durante o próximo Verão. Diria, porventura, e com todas as cautelas e as necessárias testagens, até no final desta Primavera que está a aquecer e que levará, muitos e muitas, às praias nos próximos dias. Com a certeza, aqui, que há diploma específico de acesso e regras de permanência e de circulação nos diferentes e doirados areais. Mas que a economia venceu a pandemia é a convicção de cidadania desta semana em que o Porto coroou o novo Rei da Europa do futebol. Que, afinal, é inglês, e em tons de azul!!!
Nesta semana, a partir da Mealhada, de um extraordinário restaurante - também Rei e dos Leitões ! - e com uma gerência e um serviço e encantar - e de embalar para um rápido regresso! - tivemos, permitam-me, o momento Superliga do futebol português. Os dezoito - diria já com o Vizela, que merece uma especial saudação pela justa subida ao principal escalão do nosso futebol! - clubes participantes na principal competição do nosso futebol reuniram-se fora do quadro da Liga Portugal e para além da Federação e anotaram, em conjunto, diferentes reflexões e sérias, diria que em certos casos avisadas, preocupações. Foi o momento Superliga e com alguns dos participantes a esquecerem as críticas, mesmo que suaves, que fizeram ao anúncio da criação da Superliga Europeia, agora em fase crítica de avaliação de efetivas sanções aos três clubes - Real Madrid, Barcelona e Juventus - que ainda não fizeram um ato de contrição ou um efetivo pedido de desculpas! Sei que estarei a exagerar mas a reunião da Mealhada parte do princípio que os dezoito clubes - SAD´s! - mandam e tudo… obedece. Diria que serão os donos disto tudo! Direi, apenas, que no âmbito da Assembleia Geral da Federação, com mais ou menos testes prévios, há a liberdade, sempre conquistada, de dizer... sim e de dizer… não. Afinal a liberdade de exprimir a opinião que nem a pandemia, e as suas efetivas limitações, conseguiu plenamente suspender. Mas na Mealhada importa notar, mesmo que de forma solta, vislumbrámos, aos nossos simples olhos, um golpe ao estado institucional do futebol português. A questão é saber se foi um aviso, uma advertência ou, mesmo, o primeiro momento de uma revolta efetiva! Na certeza que a história regista uma outra revolta da Mealhada quando a 10 de outubro de 1946, um grupo de oficiais milicianos, a partir do Porto, e do Regimento de Cavalaria 6, desencadeia uma tentativa de insurreição contra o Estado Novo e rende-se… perto da Mealhada. E, aqui, as notas, sempre bem soltas mas com memória, juntam o Porto à Mealhada. Porto sede da Liga e Mealhada, agora local de afirmação dos grandes do nosso futebol. Mas já na altura a Mealhada era, em crescendo, obrigatória paragem para degustar por excelência… leitão!!!
Olhemos para os golos marcados e sofridos nas duas competições profissionais de futebol na época que findou. Na primeira Liga só cinco clubes têm um saldo positivo, ou seja, mais golos marcados do que sofridos: Sporting (65-20), Futebol Clube do Porto (74-29), Benfica (69-27), Sporting de Braga (53-33) e o sexto classificado, o Santa Clara (44-36). Todos os outros clubes participantes têm mais golos sofridos do que marcados. Desde logo o quinto classificado, o Paços de Ferreira (40-41). Mas todos os outros e com o Belenenses SAD e o Rio Ave a serem as equipas menos concretizadoras , com apenas 25 golos marcados em trinta e quatro jornadas. E, aqui, e em razão do confronto do final deste domingo em Vila do Conde, importa anotar que a equipa com menos golos sofridos na Liga 2 (25) foi… o Arouca. Mas o registo dos golos marcados e sofridos ajuda a refletir acerca da nossa Liga, e das suas duas competições, sua atratividade, seus equilíbrios intermédios, sua crescente macrocefalia, sua litoralização - Tondela como exceção - e sua internacionalização no que respeita a jogadores. E com Cassiano do Vizela a ser o melhor marcador (16) da então Liga Sabseg! E Gonçalo Ramos, com menos minutos jogados, a ser o quarto melhor marcador (11)! E, aqui, esperando que Gonçalo Ramos ou outro companheiro da equipa de sub-21, bem liderada por Rui Jorge, nos levem, com a vitória amanhã frente a Itália, às meias-finais deste Europeu.
Neste domingo, para além do Grande Prémio de Itália em MotoGP e com Miguel Oliveira claramente a crescer, podemos ter a decisão no basquetebol e saberemos, a partir da Luz, quem estará na final do hóquei em patins, ou Benfica ou Futebol Clube do Porto. Sabendo que vão encontrar o Sporting, o campeão europeu, na disputa final.
Depois da Liga dos Campeões o futebol centra-se na preparação para o Europeu. A nossa seleção joga na próxima sexta-feira em Madrid frente a uma seleção espanhola órfã de jogadores do Real de Madrid. E sem a presença, compreensível , do trio do Manchester City, o Rúben Dias , o João Cancelo e o Bernardo Silva. E decerto só com a mera presença do Bruno Fernandes. Mas junho será o mês do Europeu. Com a esperança que continuemos na Europa do futebol… no final do mês, no São João e no São Pedro, e durante os primeiros dias de Julho… Como há cinco anos… E, aqui, ontem como hoje, com notas bem soltas! E recordo sempre o selecionador brasileiro, no Mundial conquistado de 1994, Carlos Alberto Parreira: «Se ganharmos todos os jogos por 1-0 até ao fim do Mundial seremos campeões!»