Nem o azar nem o árbitro ou os ferros

OPINIÃO04.10.201904:01

Quando a baliza não se mexe

A derrota de ontem em Roterdão não pode ser justificada com o azar, com os árbitros ou com os ferros das balizas. Mais próximo da verdade será pensar que talvez haja uma linha comum desde a derrota em casa, com o Mónaco, na apresentação da equipa aos adeptos, até à indecorosa eliminação da Champions às mãos de uma incógnita equipa russa, não falando já das incríveis dificuldades com que algumas vitórias domésticas foram conseguidas. Dito de outra forma: alguma coisa não pode estar bem quando o guarda-redes é, repetidamente, o melhor jogador da equipa, ou quando esta se refugia a queimar tempo, no caso de estar a vencer, ou a atacar sem critério, estando a perder. A dúvida dilacera: a vitória na Luz resultou de uma superioridade natural ou foi uma excepção à mediocridade cada vez mais visível?

Tino

Conquistou dez Campeonatos Nacionais, três Taças de Portugal, quatro Supertaças e uma Taça da Liga. Foi ainda eleito por duas vezes o Melhor Guarda-Redes do campeonato e distinguido com o Dragão de Ouro Atleta de Alta Competição. Agora, aos 35 anos, Hugo Laurentino anunciou que tinha chegado a «altura de deixar a baliza, fechar um ciclo, recordar todos os bons momentos e agradecer ao clube, aos meus colegas, os de hoje e os de outrora, à estrutura e também a todos os adeptos que me acarinharam, que me puxaram para cima e me fizeram dissipar qualquer dúvida de que este é um clube especial. Um clube de alma e coração. Li algures que o final de uma etapa significa sempre o início de outra e é exatamente com esse espírito que encaro o que aí vem. Novos desafios em novas funções, onde, como sempre, darei o meu melhor para tentar estar à altura. Junto ao campo, junto à minha equipa e próximo da nação portista. É ali, afinal, que me sinto bem e é ali que quero estar.»  Parabéns ao novo team manager da equipa de andebol dos dragões. Muito obrigado Tino!

E já que estamos no domínio do andebol, não pode olvidar-se que os portistas conseguiram no sábado uma das vitórias mais gratificantes dos seus anais frente ao Vive Kielce.

2 Irmandades trinitárias

Henrik, Filip e Jacob. Os três são irmãos e por isso partilham o apelido norueguês Ingebrigtsen. Todos os três participaram nos Mundiais de Atletismo, ainda em curso no Catar. Mais incrível ainda: disputaram a mesma prova - os 5000 metros.

Ao mesmo tempo, noutro canto do mundo, outros três irmãos, chamados Jordie, Beauden e Scott Barrett, jogaram todos como titulares dos temíveis All Blacks, ou seja, a admirável e mítica seleção neo-zelandesa de râguebi que está a disputar no Japão o Campeonato do Mundo da modalidade. Para acabar: os três manos conseguiram marcar ensaios na partida contra o Canadá, desta sorte reservando um assento triplo na história.

Contactos imediatos de segundo grau

Acabou mal o confronto entre a Sanjoanense e o Canelas a contar para a Série B do Campeonato de Portugal. Os primeiros venceram por 1-0, com um golo marcado aos 90+4 minutos por Juninho. Embalado pela habitual euforia que sempre sucede em circunstâncias análogas, um jogador da Sanjoanense, Bilu de seu nome, cometeu a imprudência de ir festejar junto do banco do Canelas, o que provocou a ira dos gaienses. Acabou expulso mas não acabaram os problemas. Alegadamente, alguns jogadores da equipa visitante terão saído do balneário, envolvendo-se em confrontos com adeptos locais, tendo dois deles invadido o relvado e sido identificados pela PSP. Faça-se aqui um breve parênteses para relevar uma exemplar campanha preventiva  desta força de segurança, intitulada «Quem o avisa...»  e que consiste em revelar publicamente a localização exacta dos radares de fiscalização rodoviária a nível nacional no mês de Outubro.

Entretanto, realizou-se esta semana na Cidade do Futebol o sorteio da terceira eliminatória da Taça de Portugal, o qual ditou que o Sporting, detentor do troféu, terá de medir forças com o Alverca, ao passo que o FC Porto, finalista vencido na última edição, visitará o campo do Coimbrões. Já a Sanjoanense visitará a Amora. Assim, o resultado do emparelhamento dos 32 jogos terá sido recebido com particular agrado pelos sanjoaninos, pois a fava calhou em sorte, quer dizer, azar, aos de Valadares. Porquê? Porque na sua rifa estava escrita a palavra «Canelas». O mais espantoso é que já na primeira eliminatória o Valadares havia enfrentado o Canelas, com a vitória deste por 3-1. Porém, o Valadares foi repescado e bateu o Gondomar (1-0) na ronda anterior, chegando a esta fase. Mas agora já sem ter de voltar a enfrentar o clube que, entre todos, mais acredita ser o futebol um jogo de contacto.