20 março 2024, 09:40
Deixem os ‘high fives’
Em várias ocasiões vi repórteres a irem-se embora e realizadores a ‘espumarem-se’
Neemias está na melhor liga mundial, num clube histórico e candidato ao título, mas não mudou
Até agora tinha tido duas oportunidades de estar com Neemias Queta nos Estados Unidos: na primeira vez que o poste português participou, como jogador de Utah State, no Draft Combine 2019, em Chicago, espécie de campo de observação para candidatos ao draft da Liga, mais dedicado a basquetebolistas que atuam na NCAA; e há um ano, durante o Fim de Semana All-Star da NBA em Salt Lake City, no qual disputou o Jogo das Estrelas da G League como elemento dos Stockton Kings. Mas desde que Neemias entrara para a Liga no draft de 2021, nunca tivera a chance de o ver, tanto ao serviço dos Sacramento Kings, como dos Boston Celtics.
Tal hipótese foi-me proporcionada na passada semana, quando, juntamente com outros 20 portugueses, desfrutei de um convite irrecusável da Betclic para assistir a dois jogos dos Celtics. Com Neemy a ficar no banco contra os Detroit Pistons e a não fazer parte da convocatória frente aos Milwaukee Bucks, na realidade ainda não foi desta que o vi em ação numa partida oficial, mas tal não significa que não tenha concretizado um sonho que há muito mantinha: ver o primeiro português na NBA, nem que fosse junto da sua equipa.
Sair uma vez mais do enorme elevador monta-cargas que fica junto à entrada da imprensa do TD Garden e depois entrar diretamente no court esteve longe de ser uma nova experiência. Agora, olhar para o campo e ver Queta no aquecimento que habitualmente realiza antes das portas serem abertas ao público foi… algo até emocionante. Quase como quando nos beliscarmo-nos para concluirmos: sim, é mesmo verdade, ele está na NBA.
20 março 2024, 09:40
Em várias ocasiões vi repórteres a irem-se embora e realizadores a ‘espumarem-se’
Foi mais de uma hora de treino individual e com outros colegas que terminou com observação de vídeos de jogadas dos Celtics e do adversário que só confirmaram o comprometimento de Neemias nos Celtics e que se estendeu ao que responsáveis da formação de Boston e sobretudo adeptos falaram dele. Alguém que, quando tem hipótese de atuar entra para dar tudo e é igualmente visto como uma aposta em desenvolvimento.
E depois há a humildade que por todos é reconhecida e foi reconfirmada. Não só no pavilhão ao falar após o aquecimento e depois do jogo, como no final de um dia de folga em que esteve com o grupo que se deslocara a Boston e durante algumas horas conviveu e jantou com alguém que admiram. Neemias nunca colocou barreiras ou entraves na confraternização e conversas — algumas de cariz bem pessoal —, nem mostrou pressa em ir embora. Da mesma forma que é um embaixador do basquete nacional na NBA, foi também dele próprio e de quem representa. Algo que nem sempre acontece quando se atingem patamares mais elevados.
Só espero que, já que tem realizado o sonho de muitos, consiga igualmente tudo o que também ambiciona. Quem sabe se na próxima vez que nos encontrarmos não será já como campeão da NBA.