Nas asas de Ronaldo
Se história se repetir mais logo no Dragão, frente à Suíça, Cristiano Ronaldo marca de cabeça o primeiro golo do jogo na sequência de um canto. E se o histórico continuar a prevalecer, Portugal estará na terceira final da sua história. Isto porque foi Cristiano quem desbloqueou as duas únicas meias-finais vitoriosas na história da Seleção. No nosso Euro-2004, em Alvalade, Ronaldo aproveitou um canto teleguiado de Deco (26’) para bater com um cabeceamento poderoso, de cima para baixo, o guarda-redes holandês Edwin van der Sar. Era o 1-0. Maniche fez um segundo com um remate fabuloso (58’) e Jorge Andrade (autogolo) reduziu para a Holanda (63’), mas Portugal chegou à final. Na meia-final do Euro- 2016, em Lyon, frente a Gales, corria o minuto 50 quanto João Mário marcou um canto curto para Raphael Guerreiro que imediatamente cruzou tenso para a elevação prodigiosa de Air Ronaldo, que castigou o guarda redes Wayne Hennessey com uma pedrada indefensável de cabeça. Três minutos depois Nani desviou um remate de CR7 e fixou o resultado final. Como não há duas sem três, era simpático que a história se repetisse.
Ronaldo tem 34 anos, mas continua a ser o único jogador da Seleção portuguesa capaz de intimidar o adversário apenas por estar lá - que não haja confusão sobre quem é quem na equipa nacional. E a Suíça bem precisa de ser intimidada porque é uma seleção dura, chata, muito difícil de bater. É um jogo que precisa de um Portugal no máximo do foco, o que poderá não ser fácil nesta altura da época. Talhado para os grandes momentos, líder nato e senhor de uma experiência única (completa hoje a sua 10.ª fase final ao serviço de Portugal…) CR7 certamente tudo fará para motivar os companheiros e ser o capitão do segundo título conquistado por Portugal, o primeiro a jogar em casa. Não se sabe quem Fernando Santos pensa colocar ao lado dele - Rafa Silva?, Diogo Jota?, João Félix?, Dyego Sousa? - nem de que maneira arrumará o meio-campo para aproveitar o virtuosismo e a meia distância de Bruno Fernandes. Mas o que importa é que a Seleção, seja qual for o onze, ganhe a meia-final para poder no próximo domingo, frente à Holanda ou Inglaterra, quebrar a maldição nacional (e lisboeta…) das finais perdidas em casa. Lembro que além tragédia grega de 2004 na Luz, Benfica (em 1983) e Sporting (em 2005) também perderam finais europeias em casa…
A finalizar, um lembrete para Fernando Santos. A época ora finda consagrou os treinadores de futebol impositivo, ousado e pressionante: Jurgen Klopp, a locomotiva do Liverpool, coroou-se rei da Europa em Madrid quatro dias depois de Maurizio Sarri, em Baku, ter ganho o seu primeiro troféu com um brilhante amasso futebolístico ao Arsenal. Antes, Pep Guardiola (treble doméstico em Inglaterra) e Mauricio Pocchetino (grande época com o Tottenham) haviam suscitado a admiração geral. Who dares wins, precisamente como dizem os ingleses.