Não havia necessidade
Sérgio Conceição (foto: IMAGO)
Foto: IMAGO

Não havia necessidade

OPINIÃO28.03.202410:00

Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, personalidade desportiva e pai, deveria escusar-se ao que fez num torneio de infantis em que o seu filho mais novo participava como jogador: interpelar um árbitro dentro do relvado por discordância do seu trabalho. Dirigindo-lhe a mão ao rosto. Na presença de outro filho

Como dizia o impagável Diácono Remédios: «Não havia necessidade». O episódio de Sérgio Conceição com o árbitro e o alcaide espanhóis é só mais um caracterizador de um traço, ainda e só, mas fundamental, da personalidade do treinador do FC Porto. Sérgio Conceição, treinador de futebol e profissional de desporto, não tem (ou tem muito pouco) desportivismo. Fair play zero.

Este rasgo de personalidade de um dos três melhores treinadores de futebol portugueses – e de todos o que melhor se adequa ao serviço e à imagem do clube que representa - no ativo não surpreende pelo ineditismo. É longo o historial de situações, essencialmente, de quezília e querelas, que fomenta ou se envolve. Dizem-no de mau feitio, mas o seu nunca fica bem no evento desportivo. Quem gosta de futebol, e mais, de desporto, não aprecia. Fica mal, fica feio.

Mais ainda quando personalidades e figuras como Sérgio Conceição, talentosas e bem-sucedidas, devem ser exemplos, desde a crianças a idosos. Chamam-lhe mau perder. Ninguém gosta de perder, um grande campeão nunca gostará de perder. Nem a feijões. Mas há que aceitar a derrota, ainda que sintamos ser injusta ou devida a erro de quem tem como função ajuizar bem. Por vezes, acontece. Errar é humano. E no desporto é ainda mais aceitável. Faz parte.

Sérgio Conceição e todos os envolvidos no desporto deveriam ser os primeiros a dar esse exemplo. Toda a gente beneficiaria. Os próprios também. Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, personalidade desportiva e pai, deveria escusar-se ao que fez num torneio de infantis em que o seu filho mais novo participava como jogador: interpelar um árbitro dentro do relvado por discordância do seu trabalho. Dirigindo-lhe a mão ao rosto. Na presença de outro filho. Não havia necessidade.