Não fossem os tratores de Marienfeld…
Marienfeld oferece uma paz de espírito que pode ser importante numa prova carregada de emoções

SEM MUROS Não fossem os tratores de Marienfeld…

OPINIÃO24.06.202412:00

A paz e harmonia que vive a Seleção na Alemanha contrasta com a intensidade e adrenalina sempre que é obrigada a sair do seu quartel-general para competir; Dois mundos que se unem e podem ser determinantes para o sucesso

MARIENFELD – Ainda não tenho data para o regresso, mas já tenho saudades de Marienfeld. Não sei quantos quilómetros já percorri desde a chegada à Alemanha (foram muitos…) mas sei que o regresso a ‘casa’, onde a Seleção se encontra instalada, é sempre vivido com uma tranquilidade que me permite pensar com maior clareza no que fazer no dia seguinte.

Nasci numa aldeia e esta pequena localidade germânica faz-me lembrar a minha bela aldeia de Rio de Couros. Uma aldeia são as pessoas, os animais, os sons, os cheiros, as cores, os campos as hortas, as praças, os mercados, as feiras... tudo o que Marienfeld oferece. Bem distante dos centros urbanos, vou ouvindo as reações das restantes equipas de A BOLA presentes neste Europeu, e sinto-me bafejado pela sorte. Vou-me cruzando diariamente com as mesmas pessoas e algumas até já arriscam um «bom dia», «como está?» ou um «bom trabalho» em português claro.

Não existe concorrência e os donos dos poucos estabelecimentos comerciais (cafés, lojas, restaurantes) convivem com uma naturalidade pouco comum. Não há parqueamentos. Nem buzinas. Pouca polícia. Conseguimos ser interrompidos, sim, com o roncar dos tratores. Que, diga-se em boa verdade, até acabam por criar harmonia perfeita com o cenário. Mas quando isso é o único senão para a perfeição… está tudo dito.