BOLA DO DIA México não é a Arábia, mas...

OPINIÃO24.10.202409:30

Ídolo no Toluca de Renato Paiva, que luta pelo título numa Liga ao nível da saudita, o avançado ex-Sporting tem conquistado direito a ser equacionado novamente para uma Seleção com limitações no ataque

Não é um nulo na Escócia que faz soar alarmes numa Seleção que só deixou fugir dois pontos e tem o apuramento para os quartos de final da Liga das Nações praticamente assegurado. Mas não faz mal olhar para o empate sem golos de Glasgow e refletir sobre o ataque da equipa das quinas, que tem sete golos marcados em quatro jogos, um registo inferior ao de Itália, Alemanha, França, Países Baixos e Espanha, só para falar de equipas da Liga A. Portugal, a seleção que mais ataques realizou na prova (199), cai para a quarta posição do ranking no que diz respeito a remates (73), para depois ter apenas o 15.º registo de golos marcados. Quer isto dizer que a equipa de Roberto Martínez revela dificuldade em converter o seu caudal ofensivo em ocasiões de perigo, e ainda mais em golos.

É uma questão coletiva, sobretudo, mas que também deve ser analisada na perspetiva individual, até pela necessidade de olhar para as alternativas a Cristiano Ronaldo (que leva três golos marcados). As opções ficaram limitadas com a lesão grave de Gonçalo Ramos e com a reduzida influência de André Silva no Leipzig, sem esquecer novo problema físico de Diogo Jota, aparentemente pouco grave, mas que surge a menos de um mês da dupla jornada decisiva — receção à Polónia e visita à Croácia. Perante este contexto, talvez faça sentido recuperar para a Seleção um dos goleadores portugueses do momento: Paulinho.

Embora não passasse despercebido na sombra de Viktor Gyokeres, o esquerdino decidiu deixar o Sporting e agarrou o desafio de ser figura de proa no Toluca, treinado pelo compatriota Renato Paiva. Está a lutar pelo título numa liga que não é muito inferior à saudita — o ranking de 2023 da IFFHS coloca-a apenas três posições abaixo, 36.ª — e a apresentar números que provam uma maturação um tanto ou quanto demorada, mas proporcionalmente apurada.

Paulinho soma 11 golos — e sete assistências — em 16 jogos pelo Toluca. É o melhor marcador da Liga mexicana, e sem penáltis a inflacionar a veia goleadora que levava em crescendo do Sporting, mesmo perante o aparecimento de um fenómeno sueco. Se olharmos para o ano civil, o avançado minhoto já leva 21 tentos.

Nuno Campos, adjunto do Toluca, já contou que muitos mexicanos lamentam não poder contar com Paulinho na seleção azteca. Na equipa das quinas, onde fez dois golos em três internacionalizações, talvez ainda possa dar jeito.