Mercado Total: Pedro Gonçalves, o Arsenal e o Aston Villa e… Iván Jaime

Opinião Mercado Total: Pedro Gonçalves, o Arsenal e o Aston Villa e… Iván Jaime

OPINIÃO07.06.202322:43

Cenários e ideias à volta de um dos grandes nomes do Sporting

Ao lado de Manuel Ugarte e Gonçalo Inácio, Pedro Gonçalves é um dos nomes mais cobiçados no plantel do Sporting.

Com uma cláusula de rescisão de 80 milhões de euros e os leões a tentarem fazer crescer (e bem) a fatia dos direitos económicos que detêm (50%), Aston Villa e Arsenal – ao qual se apresentou com um golo do meio-campo na Liga Europa –, surgem como os emblemas aparentemente mais interessados em avançar para a contratação.

Se para os leões pouco relevante será o destino desde que a cláusula seja batida, a não ser que haja objetivos associados a um eventual negócio a cumprir, o jogador conhece obviamente as diferenças de objetivos entre o agora ex-candidato ao título e futuro participante na Liga dos Campeões Arsenal e um Aston Villa que terminou a Premier League em 7.º e apenas se qualificou para a Liga Conferência.

Curiosamente, os clubes são treinados por espanhóis e alinham com o mesmo sistema, o tradicionalista 4-2-3-1, embora a versão de Unai Emery seja muito menos obcecada com a bola do que a de Mikel Arteta, o que também terá que ver com as influências do último, que fez parte da equipa técnica de Pep Guardiola em Manchester.

Dito isto, surge a questão: será que fará sentido dizer que Pedro Gonçalves só poderá escolher o Arsenal se se proporcionar a saída de Alvalade?

Não é tão simples assim.

Os gunners irão sobretudo à procura de profundidade no mercado, enquanto os villains quererão enriquecer o onze-tipo. Não só porque o ataque dos londrinos se mostra desde logo com opções de topo – Saka à direita, Odegaard no meio e Martinelli (ou Trossard na esquerda), com Fábio Vieira ainda à espreita – mas também porque usá-lo a ele ou ao norueguês no duplo-pivot seria redutor para ambos. O que faz sentido é que o português jogue mais perto da baliza (tal como o nórdico) e aí a concorrência é feroz.

Já no conjunto de Birmingham, Emery, que ainda alinhou em 4-4-2 ou 4-4-1-1 em algumas ocasiões, viu-se obrigado a mandar subir McGinn no terreno para jogar no seu sistema preferido, fosse para ocupar a posição 10 ou dá-la a Buendía para que o médio-centro e capitão pudesse ocupar o lado direito.

O Aston Villa parece ter, com o mercado ainda no seu início, um papel muito mais relevante reservado para Pedro Gonçalves, mesmo que o jogador, naturalmente, gostasse de aspirar a um outro contexto. Até mesmo o modelo mais híbrido parece favorecer o seu perfil nem que seja pela proximidade com o atual, que utiliza a sua inteligência para criar espaços com e sem bola e para surgir rapidamente em momentos de finalização.

IVÁN JAIME

Atentos, os leões terão desde logo identificado alguns alvos como precaução, entre os quais Iván Jaime, do Famalicão, alguém que parece destinado a acabar num grande mais cedo ou mais tarde.

Com 17 golos e 11 assistências em 82 encontros pelo Famalicão, o médio ofensivo está ainda longe da capacidade de influenciar as partidas que apresenta Pedro Gonçalves. Se o jovem espanhol de 22 anos consegue uma ação decisiva a cada 264 minutos, o português tem um impacto no jogo leonino bem superior, com um golo ou uma assistência a cada 127 minutos (58 remates certeiros e 34 passes decisivos em 129 partidas). Ou seja, Jaime está longe de ter atingido todo o potencial que se lhe reconhece em campo, mesmo com o talento que mostra em cada jogada.

A estrutura esguia, a agilidade, o controlo de bola que o torna muito resistente à pressão, a explosão e a definição à frente da baliza, bem como o baixo valor de mercado – com os famalicenses a apontar para os cinco milhões de euros – tornam-no um alvo muito apetecível até pela mais-valia que poderá garantir no futuro. O talento está lá e, na realidade, Iván Jaime pode mesmo explodir a qualquer momento.

No 11 de Amorim, tal como acontece no Famalicão, parece destinado a jogar sobre o flanco esquerdo, embora o 3-4-2-1 o aproxime desde logo do corredor interior e até da baliza para fazer crescer os seus números. O resto, a confirmarem-se todos os cenários, é apenas um pequeno salto de fé para os leões. E alguns milhões de euros, muito menos do que entrará em Alvalade pela eventual venda do transmontano.

MERCADO TOTAL é uma rubrica de análise ao mercado de transferências do jornalista Luís Mateus.