Opinião Mercado Total: chegar antes a Wynder (Benfica) e Bassette (FC Porto) e acreditar no potencial
O Benfica oficializou a contratação de Joshua Wynder, central norte-americano de 18 anos proveniente do Louisville FC, segundo escalão norte-americano. Ao mesmo tempo, o L’Équipe escreveu que o FC Porto já fez uma proposta por Norman Bassette. O jovem avançado belga, igualmente de 18 anos, joga no Caen, também num segundo escalão, neste caso, a segunda liga francesa.
Os dois rivais não estão só atentos à própria formação, mas também a diamantes em bruto que surgem bem cedo no resto do planeta, e curiosamente o seu mercado parece arrancar mais com oportunidades para o futuro do que com soluções para o presente. Mesmo que haja sinais que também aí não estejam parados.
O que se pode esperar de ambos?
Wynder custou pouco mais de um milhão de euros ao Benfica e mesmo assim tornou-se a venda-recorde de um emblema do USL Championship. Esteve no Mundial sub-20 e, embora destro, alinhou como central da esquerda no 3-4-3 de Mikey Varas. Realizou uma prova bastante interessante à exceção do último encontro, nos quartos de final diante do candidato ao título Uruguai, em que inclusivamente teve a infelicidade de marcar um autogolo.
Com 1,83 metros de altura, porém ainda algo franzino e pouco dado ao choque e aos duelos aéreos, sobretudo com adversários mais velhos, experientes e corpulentos – como aconteceu ao serviço do Louisville FC (42 jogos em três épocas e dois golos marcados) –, ainda precisa de tempo para poder ser útil a um clube com ambições como o Benfica. Aliás, a equipa B e a Segunda Liga poderão ser muito importantes para que num par de épocas possa anular as lacunas que ainda apresenta. A competição e a experiência dar-lhe-ão ferramentas para lidar com estas fraquezas e ainda com o timing algo incipiente de intervenção nos duelos, a fim de que possa atingir o seu potencial. É que talvez seja a maior promessa da formação do seu país atualmente.
É precisamente por lhe poder oferecer um patamar de crescimento sem grandes doses de pressão que o Benfica apostou na sua contratação, uma vez que são visíveis em Wynder valências essenciais de um central moderno. É muito bom com a bola nos pés, seja na verticalização das jogadas pelo chão ou na capacidade de encontrar rapidamente atacantes em zonas mais adiantadas em bolas longas ou em diagonais. Pensa sempre rápido e executa ainda mais.
É igualmente capaz de transportar a bola e ultrapassar a linha de pressão, podendo melhorar no drible. E apesar das referidas debilidades no desarme, o posicionamento é igualmente bastante bom. Na Luz, há agora que esperar a sua evolução.
No que diz respeito a Bassette, cujo negócio ainda precisa de ser confirmado, também a equipa B portista – ou um empréstimo, de acordo com o que tem sido veiculado em França –, parece ser o caminho mais aconselhável para o internacional sub-19. Com 14 jogos e 1 golo marcado pela equipa principal do Caen, há bastantes expetativas no que diz respeito ao seu desenvolvimento.
Com 1,86 metros de altura e uma boa envergadura física para a idade, o ponta de lança sobressai pela capacidade de leitura que já apresenta. Canhoto e dotado de um bom poder de finalização, demonstrado sobretudo no campeonato amador (National 2) ao serviço da equipa B, revela desde já uma boa técnica e controlo de bola, o que lhe permite resistir com relativa facilidade à pressão, a capacidade de atacar a profundidade e ainda de fazer movimentações curtas assertivas para se disponibilizar para os cruzamentos feitos pelos colegas. Faltar-lhe-á ainda um pouco de explosão para aproveitar todas as aberturas para atacar a baliza, porém antevê-se naturalmente também aqui margem de progressão.
É ainda solidário no momento defensivo, disponibilizando-se para pressionar a construção contrária.
Wynder e Bassette estão numa fase muito inicial da sua afirmação, porém o que já mostraram até aqui justifica bastante atenção.
*MERCADO TOTAL é uma rubrica de análise ao mercado de transferências do jornalista Luís Mateus.