Opinião José Manuel Delgado e «o tabu de Pedro Proença»
Enquanto não se souber se Proença avança, ou não, para a FPF, vamos assistindo a um interessante posicionamento de pedras, no jogo de xadrez que se disputa a pensar na liderança da Liga…
Depois de Artur Soares Dias, de forma serena e tranquila, ter dito que entendia ter condições para, um dia, presidir à Liga de Clubes, foi agora a vez de José Pedro Rodrigues, antigo candidato aos Órgãos Sociais do Sporting, vir a terreiro declarar-se disponível para assumir tais funções. Porém, o mandato de Pedro Proença, atual líder da Liga, reeleito para o cargo em 2023, só termina em 2027, sendo, à primeira vista, extemporâneo que se comece desde já a falar em algo que só deverá tomar forma daqui a mais de dois anos. A não ser que haja outras contas, diferentes, que muitos já fazem e poucos assumem: a possibilidade, muito falada à boca pequena, comentada nos corredores, e alvo de matemática eleitoral relativamente aos 84 votos que vão decidir tudo, de Pedro Proença ser candidato à sucessão de Fernando Gomes na FPF. Sabe-se que o atual presidente federativo abandona funções, por chegar ao fim do último mandato, no final deste ano. Sabe-se, igualmente, que depois do extraordinário trabalho de Fernando Gomes na Cidade do Futebol (que antes dele não havia), a cadeira onde se senta passou a ser de sonho para muita gente, e para além de Nuno Lobo, presidente da AF Lisboa, que já assumiu estar a considerar fortemente a possibilidade de se candidatar, o nome de Pedro Proença tem estado presente em todas as conversas que têm por tema a sucessão de Fernando Gomes.
As eleições para a presidência da FPF são peculiares. Um colégio eleitoral, que detém 84 votos, decide quem será o novo presidente. Ou seja, basta garantir 43 votos para vencer as eleições, o que permite que as candidaturas façam, literalmente, campanhas porta-a-porta. Ainda não chegados a meio de setembro, estamos na fase de contagem de espingardas, mas, enquanto o silêncio (estratégico e ensurdecedor) de Pedro Proença se mantiver (e de facto, nesta fase, estar calado só o beneficia), o seu nome será sempre falado, sem que ele próprio tenha de dizer uma palavra que seja.
É, pois, este o contexto, a pensar em 2025 e não em 2027, assumindo como plausível uma candidatura de Pedro Proença à presidência da FPF, em que devem ser entendidas as palavras de Artur Soares Dias e José Pedro Rodrigues, nenhum deles, por certo, desejoso de queimar cartuchos antes de tempo.
Saber se Proença avança ou não para a Cidade do Futebol – ano e meio depois de ter sido reeleito para a Liga – é o grande tabu do nosso futebol que se joga fora das quatro linhas. E, ou não estivéssemos a falar de um ex-árbitro, quem manda no tempo deste jogo é Pedro Proença.