Jogo grande na pedreira

OPINIÃO21.03.202106:00

O Benfica sabe que o jogo de hoje é determinante, quase que decisivo face às suas legítimas ambições de estar na Champions

Hoje em Braga, e com a visita do Benfica de Jorge Jesus à emblemática pedreira - que é, de verdade, e para além da especifica funcionalidade, mais do que um estádio, já que é um exemplo singular de arquitetura desportiva! -, disputa-se o jogo grande desta jornada que já tem o número vinte e quatro. E esta Liga, ainda NOS, só retomará a sua atividade no fim de semana da Páscoa , depois dos primeiros compromissos das seleções nacionais europeias rumo ao Mundial do Catar. O que o Benfica sabe é que o jogo de hoje é determinante, quase que decisivo face às suas legítimas ambições de marcar presença na próxima edição da Liga dos Campeões. Sabemos, desde Ferdinand Foch, que «aceitar a ideia de uma derrota é ser vencido»! Não é o caso da equipa de Jorge Jesus, como se constata nos últimos jogos disputados e com uma defesa imaculada!  Mas também não esquecemos, desde Aristóteles, que «só há um princípio motor: a faculdade de desejar»! E como benfiquista, o meu, o nosso, desejo é sorrir com a conquista dos três pontos no final do jogo grande na pedreira. E que seja, igualmente, um grande jogo, com momentos largos de nota artística e com uma permanente luta tática  entre dois treinadores de referência do atual futebol português: Carlos Carvalhal e Jorge Jesus. O que o Benfica não pode ignorar é que este Sporting de Braga só perdeu na pedreira em 25 de setembro do ano passado e frente ao Santa Clara. E tem apenas um empate face ao Futebol Clube do Porto (2-2) e nove vitórias, a última das quais frente ao rival do Minho, o Vitória de Guimarães (3-0). E marcou na pedreira vinte e um golos e sofreu oito, e, com o Tondela a marcar, tal como a equipa de Sérgio Conceição, outros dois golos no jogo que disputou há três jornadas. Acredito que vai ser um jogo bem disputado e que haverá muitos reencontros! De jogadores que atuaram, e bem, no Benfica e de outros que se mostraram, e muito, em Braga. Sem esquecermos Jorge Jesus, que conquistou a Taça Intertoto na liderança do Braga , nas vésperas da sua contratação pelo Benfica. Mas este será, de verdade, o primeiro de outros jogos grandes que Benfica, Braga e Futebol Clube do Porto terão que disputar até ao final, provavelmente sem público, desta renhida e singular época desportiva. Já que a pedreira, daqui a cinco jornadas, recebe o Sporting, decerto ainda líder desta Liga que terá, em razão da indefinição quanto à descida de divisão, muitos sobressaltos, novas chicotadas e claras angústias. E estas prendem-se com a abissal diferença de receitas televisivas já que a manutenção na Liga proporciona , em regra, um encaixe de 3, 5 milhões de euros por época, enquanto a descida para a Liga 2 - a Liga Sabseg - proporciona, apenas, também em regra, 450 mil euros! E esta diferença sente-se, sob o prisma psicológico, logo que qualquer clube (SAD) está abaixo da linha da água! E é mais real este sentimento, porventura, neste Dia da Água, na linha de Eduardo Galeano no seu Los hijos de los Dias! Já que de água somos.  Da água brota a vida. E a memória, sempre oportuna, nos adverte que os desertos de hoje foram as florestas de ontem. É a natureza e os seus duros ensinamentos em tempos de claras e sentidas  alterações climáticas. E importa que alguns destes ensinamentos cheguem, com as totais adaptações, ao mundo do futebol, das suas marcas e das suas principais referências de excelência. Já que a memória é o essencial da vida. Mesmo em dias como o de hoje, com um jogo grande na pedreira!

Estádio Municipal de Braga, a ‘pedreira’, acolhe hoje o duelo entre SC Braga e Benfica

Com o sorteio dos quartos  de final  da Liga dos Campeões e da Liga Europa ficámos a saber que no ranking da UEFA a Inglaterra destronou a Espanha da liderança e que com cinco clubes nestas duas competições é a principal protagonista de uma mudança significante. Na verdade, desde a época 2012/2013 que a Espanha liderava o ranking europeu. Agora, com apenas três clubes nas duas competições, e dois deles na Liga Europa, desceu para o segundo lugar e importa ter cuidado com a Alemanha, que com dois clubes na Liga dos Campeões se vai consolidando no ranking e se aproxima, com perigo, da Itália, que apenas tem a Roma de Paulo Fonseca - e Tiago Pinto - na Liga Europa. E a França e o milionário PSG - veja-se a folha salarial mensal que acaba de ser transparentemente publicada e os valores que o PSG paga! - é o resistente de uma Liga que pode descer para o sexto lugar daquele ranking por troca com Portugal e, aqui, graças aos impressionantes  resultados do Futebol Clube do Porto de Sérgio Conceição. E os outros três representantes nos dois quartos de final são o Ajax (Países Baixos), o Slavia de Praga (República Checa) e o surpreendente Dínamo Zagreb (Croácia), o carrasco de José Mourinho. Portugal caminha para o quinto lugar deste ranking. O que é uma grande notícia para o futebol português e para a sua indústria. Se resolver pensar, de vez, como indústria e se entender que a meritocracia vale a pena e merece ser reconhecida, apoiada e encorajada. Já que , em regra, «um grande mérito força o respeito»! Respeito consentido e não imposto. Respeito reconhecido e não proclamado. E é esta diferença que alguns não entendem e outros, sem modéstia, não silenciam. Como deviam! 

Esta pandemia que nos condiciona e angustia é, mesmo, quase que revolucionária! Tudo ou quase tudo muda. E surge, até, o direito a desligar! Portugal, e a sua notável Seleção, joga em casa, em Turim, no arranque de uma caminhada que se espera vitoriosa para o Mundial no Catar, no final de 2022. Tal como o Benfica jogou, como visitado, em Roma. Tal como o Arsenal o fez em Atenas. E os exemplos multiplicam-se, face aos números que magoam, aos diferentes confinamentos, às específicas quarentenas em tempos de Quaresma. O número quarenta é um número que marca. E está associado a uma ideia de vida após a morte. E, aqui, a noticia é a morte da presença de não japoneses nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Apenas atletas, treinadores, delegações, jornalistas e alguns voluntários não japoneses poderão viver e sentir, ao vivo, esta Olimpíada. O Japão terá prejuízos bem avultados e, em especial, a metrópole de Tóquio. Os Jogos irão realizar-se. Mas serão uns Jogos diferentes. Sem chama, para além da chama, e da sua luz, que resguardada partiu da Grécia . Quase sem público, e dos seus sons, marcantes em cada prova, em cada competição, em cada momento solene. Mas a pandemia tudo mudou. Atitudes e comportamentos. Em que a novidade de cada nova normalidade nos leva a permanentes adaptações. E a sucessivas desilusões. Onde está, com dor, o não regresso do público às principais competições e aos eventos emblemáticos, por excelência os desportivos. Como, em tese, seria, hoje, neste jogo grande na pedreira!