Joãozinho e baratinho
João Neves ruma ao PSG (foto: IMAGO)

Joãozinho e baratinho

OPINIÃO04.08.202409:00

Perante tamanho vendaval de críticas, Rui Costa foi obrigado a vir a terreiro justificar a venda do menino Neves a preço de saldo. E diga-se que €60 M+€10 M não é o mesmo que €70 M...

O universo benfiquista está em polvorosa nas últimas semanas face à iminente venda do menino João Neves, ou Joãozinho como Rui Costa carinhosamente lhe chamou na conversa que manteve com os jornalistas antes do jogo com o Fulham, aos milionários do Paris Saint-Germain. O valor do negócio suscitou imensas críticas dos mais variados quadrantes, desde de o radialista Pedro Ribeiro, passando pelo irmão de António Silva, entre muitas figuras de relevo apaixonadas pelo emblema da águia. Rui Costa e restante cúpula da Administração da SAD encarnada têm sido acusados de desnorte, incompetência e falta de coragem para manter nas fileiras do clube as coqueluches do Seixal.

Se levarmos em linha de conta que nos últimos cinco anos o Benfica vendeu, entre outros, João Félix, Rúben Dias, Darwin Núñez, Enzo Fernandez e Gonçalo Ramos por um encaixe financeiro na ordem dos 470 milhões de euros, diremos facilmente que deixar sair João Neves, cuja cláusula de rescisão é de 120 milhões de euros, por metade do preço é à primeira vista um mau negócio, face à valia do jogador, o que ele representa para a massa associativa, o peso que tinha na equipa orientada por Roger Schmidt e também a margem de progressão que ainda tem.

Rui Costa não teve outra solução que não fosse prestar um esclarecimento público de um negócio que não agradou sobremaneira à exigente massa associativa encarnada. Habituados a verem sair joias da coroa por verbas com três dígitos, os benfiquistas consideram uma verdadeira pechincha aquilo que o Paris Saint-Germain vai pagar pelo menino bonito da Luz. 60 milhões de euros, mais 10 milhões de euros em variáveis por objetivos — ainda que possam ser facilmente alcançáveis, como o número de jogos utilizados ou golos marcados —, não é o mesmo que 70 milhões de euros à cabeça ou 120 milhões.

Depois de na época passada o Benfica ter apenas conquistado a Supertaça Cândido de Oliveira com um investimento na ordem dos 100 milhões de euros, Rui Costa será avaliado ao mais ínfimo pormenor nos próximos tempos e com as eleições à vista o seu futuro estará sempre, tal como o do treinador Roger Schmidt, dependente dos resultados. A derrota com o Fulham, no último ensaio antes do início oficial da temporada, não veio nada a calhar, pois causou um sentimento de desconfiança em torno da equipa.

Para compensar a saída de Joãozinho, o presidente do Benfica aprovou o regresso de Renato Sanchez, ou Renatinho por ser também um dos produtos do Seixal, mas neste caso concreto subsistem sérias dúvidas sobre a real condição física do internacional português, que nos últimos anos tem passado mais tempo na marquesa do que propriamente dentro das quatro linhas. É um nome que agrada aos adeptos, sem dúvida, mas tudo vai depender da regularidade física que apresentar em 2024/2025, sabendo-se que num clube como o Benfica é a exigência é máxima. O Benfica não tinha condições para pagar um ordenado de 5 milhões de euros líquidos por época ao jovem médio e o clube necessita de dinheiro para fazer face às despesas. Mas, insisto, o Paris Saint-Germain, no meio disto tudo, é que fez um excelente negócio...