'Para lá da linha' é uma opinião semanal
«Por exemplo, eu como treinador, se ganhar menos, no futuro terei menos clubes para treinar. Os jogadores, se ganharem menos, se calhar no futuro já não vão para um 'Manchester City'. O mercado reduz para toda a gente.»
João Pereira deve acabar as conferências de imprensa do Sporting alguns quilos mais magro, como acontece com os pilotos de Fórmula 1 depois de uma corrida de Grande Prémio. Acima um excerto da última conversa com os jornalistas, antes do jogo com o Boavista, em que continuou a ter de responder a mais perguntas sobre Ruben Amorim do que sobre ele próprio.
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O treinador saiu há cerca de um mês, mas o descarrilar de resultados desde então, com quatro derrotas seguidas, fez cair os adeptos numa depressão e condenou João Pereira a ver eternamente invocado o nome do antecessor. Ele bem tenta e pelo meio fez a barba, mas frases como as de cima suscitam um ‘ele disse mesmo aquilo’? Ainda mal se estabeleceu em Alvalade e fala em sair?
Acabou por vencer o Boavista por 3-2, respirando um pouco melhor, mas não se livrou ainda daquela ideia que anda aí algo que persegue a equipa ‘a que tudo acontece’, um fado de que se tinha livrado com Amorim. O Sporting era um grupo desempoeirado, que dominava, estava nas suas mãos perder. A começar pelo bicampeonato, há tempos já entregue.
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Na conferência pós-jogo já não lhe perguntaram porque é que ele não é mais como Amorim . embora lhe tenham chamado Ruben, força do hábito, e ele tenha gerido bem -, mas há ainda coisas a desempacotar, como o travão repentino de Gyokeres que sim, marcou, mas continua longe daquelas exibições extraterrestres a que nos submetia. Já ganha jogos, falta também mostrar que ganhou os jogadores.
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O mesmo Amorim disse, pouco antes de ir embora para Manchester, que levava tudo preparado para as conferências, devidamente treinado com o assessor. Além de treinar no campo, recomendaria a João Pereira, a quem reconheço uma posição de alto stress, como aqui já foi dito, treinar também as conferências de imprensa. E no final, depois de sair do carro, beber muitos líquidos, claro, para repor os eletrólitos.