Neves já é príncipe noutro parque

Mercados dos três grandes muito diferentes: Benfica escancarado, Sporting insistente, FC Porto cirúrgico; 'Para lá da linha' é uma opinião semanal

Há uns meses achava que seria muito difícil a Liga segurar Viktor Gyokeres e João Neves. Que os seus desempenhos em campo e influência para fora dele os levariam para lá das fronteiras, sem que os clubes tivesse argumentos para os manter.

Com reservas para um mercado que ainda não fechou, parece evidente que a inocente fui eu: não foram as circunstâncias de um mercado estrangeiro dominador que levaram o médio de 19 anos a sair do Benfica. Ninguém chegou a bater a cláusula de Neves e atou as mãos ao presidente do Benfica. Foi o próprio Benfica. As explicações de Rui Costa pareceram coladas com cuspo e perceção popular é que não se fez de tudo para o segurar com um salário que fizesse jus à importância que lhe era reconhecida. Em Paris, com 4 assistências em 2 jogos, seguramente já sabem o príncipe que têm. No caso de David Neres, nem era questão de salário, mas de apreciação. Os adeptos mal arranjam razões para sorrir.

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Já Gyokeres deu a entender que está «sem stress», mas deixou a porta aberta. Ao longo das últimas semanas também os adeptos do Sporting não terão sentido stress, com um plantel bem gerido, bem mantido. E ainda há Ioannidis: o Sporting anda há dois meses atrás dele. Se o tempo, semelhante ao que os leões andaram atrás do sueco, foi indicativo sua qualidade, teremos grande qualidade em Portugal. Os adeptos sorriem com 14 golos marcados em 3 jogos.

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Já o FC Porto opera em operações cirúrgicas, como Deniz Gul, até secretas, como foi o caso de Samu. O caso de Francisco Conceição parece resolvido. Está um clube diferente, partilhando de tudo. Deu mesmo para ‘gozar’ com a imprensa quando o presidente André Villas-Boas foi a Madrid fechar negócio: «Por esta ninguém deu.» Os adeptos sorriem num clube revitalizado do escritório ao banco.

Concordo com os que dizem que a janela de transferências já devia estar fechada quando começam os campeonatos. A saúde mental dos treinadores agradeceria. Como disse tantas vezes Sérgio Conceição, e ontem Rui Borges, treinador do Vitória Guimarães: «O mercado podia fechar já, era top.»

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