'JAM sessions': quem será o 'novo' campeão mundial?
Lionel Messi liderou a Argentina ao título mundial em 2022 (Foto Imago)

'JAM sessions': quem será o 'novo' campeão mundial?

OPINIÃO20.07.202408:11

Espaço de opinião do correspondente de A BOLA no Brasil

O Europeu e a Copa América recém-acabados tiveram um desfecho comum: quem ganhou foi o, agora, maior conquistador de cada uma das provas. A Espanha largou a companhia da Alemanha e passou a somar, sozinha, quatro troféus e a Argentina, ao vencer pela 16.ª vez, isolou-se do Uruguai. Nada de novo, portanto. Pelo contrário. E no Mundial de 2026, haverá algo de novo? Ganhará uma das potências habituais ou teremos um novo campeão? Novo, assim mesmo, em itálico, para reforçar o sentido de sem precedentes, de inaugural.

A última vez em que o novo campeão do mundo foi, de facto, novo aconteceu no Mundial-2010, na África do Sul, que consagrou a Espanha como vencedora inédita. Antes, fora a França a estreante, em 1998, e, antes ainda, a Argentina, em 1978, ambas campeãs do mundo pela primeira vez como anfitriãs. E o próximo novo campeão, quem será? A maioria dos leitores responderá o nome de um país começado por P e acabado em gal mas aqui não vai ler nada disso para não agoirar.

Sejamos, aliás, o mais científicos possível na previsão, assim como o economista (e fanático do Manchester United) Jim O’Neill, quando listou fatores como área, população, produção e matérias-primas para atribuir ao Brasil, à Rússia, à Índia, à China e à África do Sul, os cinco BRICS, o papel de potências emergentes. No futebol, aqueles fatores de O’Neill poderão ser substituídos por 1) paixão pelo jogo, 2) organização das competições nacionais, 3) presença habitual em Mundiais e 4) relevância demográfica.

O Brasil, apesar de dever melhorar o 2), tem nota máxima nos restantes pontos e, por isso, é o maior campeão de todos. E, à exceção do pequenino Uruguai que, com todo o respeito pela sua fabulosa tradição, só ganhou na pré-história dos Mundiais, os demais campeões – Itália, Alemanha, Argentina, França, Inglaterra e Espanha – obedecem perfeitamente àqueles critérios.

Na calha, pode estar o México, liga tradicional e rica, força demográfica, presença constante nos eventos, triunfo olímpico recente e fator casa já em 2026. Ou a Rússia, futebol com história e um oceano de terra mas um governo que prejudica toda a gente, inclusive o próprio país. E os Países Baixos, que já chegaram a três finais, mas têm só 18 milhões de habitantes. Talvez também a Colômbia, país mais populoso do que a Argentina, fértil produtor de talentos, cada vez mais espalhados por grandes da Europa. E, porque não, a Nigéria, que, apesar da falta de organização, já levantou taças a nível juvenil e olímpico e é, com 224 milhões de habitantes, o sétimo país em população à escala global.

Porque a Copa, como se diz no Brasil, é «briga de cachorro grande». Com os pontos 1), 2) e 3) assegurados, àquele tal país começado por P e acabado em gal falta-lhe o 4). E isso, num Mundial, pesa.