Se na Luz e no Dragão o perigo é interno, em Alvalade o desafio vem de fora, resultado do sucesso que mete muita gente (grandes clubes) a olhar para jogadores, treinador e agora até diretores... Este é o 'Nunca Mais é Sábado', espaço de opinião de Nuno Raposo
«Quero aproveitar que está aqui o 'staff' todo, que não tem tanta expressão mediática, e faz parte do sucesso. Uma salva de palmas para o 'staff'. Disseram que só ganharíamos campeonatos de 18 em 18 anos, que só ganhámos porque não tínhamos público ou que jamais seremos bicampeões outra vez. Vamos ver...»
A frase de Rúben Amorim, na emoção da festa de campeão na Praça do Marques de Pombal em Lisboa, meteu os sportinguistas a sonhar com um feito sem paralelo em 70 anos. E com um início de temporada tão bom e em que os rivais pareciam a anos de distância, o sonho começou a ganhar forma de realidade no pensamento dos leões em altura precoce da época. O Benfica arrancou aos tropeções, o FC Porto apesar de lhes tirar, aos leões, a Supertaça das mãos vive num processo de reestruturação com o peso dos melhores 40 anos que qualquer clube já viveu em Portugal… o Sporting vive na tranquilidade do sucesso desportivo e nas calmas ondas que isso possibilita fora de campo — ao contrário dos rivais: na Luz o clima é pré-eleitoral, atenuado agora com o ressuscitar da equipa pela mão de Bruno Lage; no Dragão ainda se ouvem assobios dos saudosistas do tempo do outro senhor.
Perfil do diretor desportivo agrada responsáveis ingleses que pretendem encontrar uma solução até… janeiro de 2025. Não há contactos, mas, sabe A BOLA, o dirigente leonino está muito bem colocado em restrita lista de potenciais candidatos para suceder a Txiki Begiristain
Mas se na Luz e no Dragão o perigo é interno, em Alvalade o desafio vem de fora, resultado dum sucesso que mete muita gente a olhar para jogadores, treinador e agora até diretores. Na época passada, em altura crucial na luta pelo título, Rúben Amorim foi a Inglaterra falar com o West Ham. Esta temporada, já em outubro, Hugo Viana apontado ao Manchester City. E prepare-se a administração de Frederico Varandas, com o aproximar de janeiro, para começar as ver os nomes dos principias jogadores, agora do plantel mais valioso da Liga, a serem soprados aos quatro ventos a caminho dos principais campeonatos da Europa… É o preço do sucesso.
Dentro de campo, tudo também parecia fácil, muito fácil, goleada atrás de goleada sem que os adversários nacionais conseguissem parar de sofrer golos dum leão mais esfomeado ainda a cada banquete que fazia. O Casa Pia vem alertar para o que pode acontecer mais vezes daqui para a frente: trancas à porta e Rúben Amorim a ter de encontrar as chaves para fechaduras de muitas voltas.
Vai ser mais difícil do que alguns já pensavam. O Benfica, libertado das amarras de Schmidt, acordou até para as gloriosas noites europeias e na Liga já mostra a mesma consistência do leão. O FC Porto de ano zero está melhor do que muitos pensariam que estaria nesta altura, apesar dos assobios que alguns teimam em soprar.
Todos têm os seus fantasmas. Ainda assim, e já o escrevi aqui, o Sporting continua a ser o que mais condições tem para chegar ao fim com o título na mão. É que problemas por problemas, mais vale que eles cheguem de fora de casa do que os ter dentro de portas, como em Alvalade bem sabem, porque também ouviram os mesmos assobios do passado que André Villas-Boas ouve agora no Dragão… Será que o Sporting saberá capitalizar essa vantagem para os rivais? Como disse Rúben Amorim: vamos ver...