Hurley evitou LeBron?

Hurley evitou LeBron?

OPINIÃO12.06.202411:10

Os Lakers têm tido dificuldade em atrair técnicos de renome apesar de LeBron James lá estar há seis temporadas.

Dan Hurley, treinador da Universidade de Connecticut, de 51 anos, terá declinado a irrecusável proposta de 70 milhões de dólares (65,1 milhões de euros) por seis temporadas dos Lakers para a vaga deixada pelo dispensado Darvin Ham. Contrato que o tornaria no quinto mais bem pago da NBA.

Hurley, que em 2023 renovou com UConn, onde está desde 2020/21, por 32,1 milhões (29,84 milhões) por seis épocas, preferiu permanecer na NCAA em vez de testar as revoltas águas da Liga onde raros técnicos vindos do campeonato universitário tiveram êxito nas últimas décadas. Após as conquistas em 2022/23 e 2023/24 mantém a ambição de levar os Huskies ao tri na NCAA e chegar perto dos registos de Mike Krzyzewski (Duke), cinco títulos, e John Wooden (UCLA) com 10(!) em 12 temporadas, sete deles consecutivos e único a vencer três torneios seguidos nos 85 anos do evento.

Curioso, Krzyzewski, que liderou os Blue Devils 41 épocas, tendo-os levado à Final Four em 12 ocasiões, também recusara os Lakers em 2004.

Para quem não esteja familiarizado com o desporto universitário americano, ser treinador de uma universidade, sobretudo de topo, está longe de ocupar uma posição menor, quer a nível salarial como profissional. A pressão existe, mas a volatilidade do cargo não é tão grande e os principais técnicos são deuses nos campus. Diz-se que um treinador de basquetebol ou futebol americano numa universidade é mais importante do que o reitor e que isso é comprovado quando morrem e se vê o funeral de um e outro. Os êxitos desportivos trazem centenas de milhões de dólares em apoios e contratos comerciais e televisivos à universidade.

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5 junho 2024, 11:36

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Neemias Queta está perto de concretizar algo com que até em sonho era difícil de acreditar

E por mais que digam o contrário, é mais fácil comandar jovens do que homens, alguns milionários, e a maior parte a ganhar mais do que o treinador como acontece na NBA.

Isto leva a duas questões. A primeira, a ideia de que os Lakers desejam um técnico de topo, experiente e com provas dadas, ainda que a nível da NCAA, o que tem sido difícil garantir desde que Phil Jackson por lá passou a segunda vez entre 2005/06 e 2010/11, com a conquista de dois campeonatos (2008/09, 2008/10) em três Finals (2007/08).

Desde então, ninguém resistiu mais do que três épocas. Nem Frank Vogel que ganhou o 17.º e último titulo em 2019/20.

Mesmo com Jeanie Buss à frente do clube e o ambiente pacificado, os Lakers têm tido dificuldade em atrair técnicos de renome apesar de LeBron James lá estar há seis temporadas. E esta leva-me à duvida que tenho há anos: apesar de ter chegado a 10 Finals em 21 épocas, nas quais se sagrou campeão quatro vezes, LeBron raramente contou com treinadores de renome, provavelmente salvo Erik Spoelstra. Mas esse já estava (e está) nos Heat.

Durante anos nos Cavaliers o patrão Dan Gilbert nunca esteve com grande disposição de gastar com treinadores. Mas será que foi só isso ou os nomes mais sonantes evitaram King James — apesar do inequívoco valor — porque, às vezes, é ele quem quer decidir parte do plantel e o que se vai fazer em campo em momentos chave? Será que Hurley, apesar dos milhões e de LeBron estar em fim de carreira, também não desejou ser adjunto ou quis mesmo ficar nos Huskies?