‘Herr’ Schmidt
De uma assentada, Schmidt foi presidente, diretor desportivo e de comunicação da SAD
S EM desprimor pelos treinadores portugueses, tenho defendido que os três maiores clubes portugueses deviam apostar mais em treinadores estrangeiros. Sempre se traria uma lufada de ar fresco ao ambiente bafiento do nosso futebol. Timoneiros sem perceção daquilo que constituem os vícios nocivos do desporto rei neste país. Roger Schmidt contribui na luta contra o mundo opaco deste futebol. Na conferência de antevisão do jogo com o Portimonense, atestou que Enzo não obteve autorização para viajar para a Argentina e que já estava a cumprir as necessárias represálias. Mais relevante, porém, são as duas lições que se retiram das suas palavras: primeiro, a pedagogia destinada a Enzo, defendendo este e lembrando que integra um grupo com uma causa maior. Já a segunda passou pela verdadeira master class de comunicação para a estrutura interna da sua entidade empregadora ao afirmar publicamente que não querem perder Enzo, que há um clube que o quer contratar e que já o tentou aliciar, terminando por considerar que tal atuação é um desrespeito para o Benfica e que estão a deixar o jogador maluco. De uma assentada, Schmidt foi presidente, diretor desportivo e de comunicação da SAD. A visão do alemão passa pela relevância que deve revestir a proteção da relação profissional entre atleta e clube, fazendo-se a devida ressalva sobre Enzo poder estar a forçar a saída por 8 milhões (de libras) de razões. Com duas semanas desta novela, no mínimo exigia-se que Rui Costa desse conta se o Chelsea negociou junto do jogador com ou sem consentimento. O n.º 3 do artigo 18.º do Regulamento FIFA sobre o estatuto e transferência de jogadores exige lisura dos londrinos por se encontrarem forçados a informar o Benfica por escrito de que pretendiam entrar em negociações diretamente com o atleta, sujeitando-se a sanções caso assim não procedessem. Mas, na realidade, se a mensagem que passaram a Schmidt foi a de defesa do projeto desportivo, porque é que ainda se mantêm vivas as negociações com o prevaricador?