'Hat Trick': Sanch€s, F€lix e N€ves
O dinheiro não é tudo na vida, disseram alguns a Renato Sanches e João Félix e vão dizer agora a João Neves — não é tudo mas é decisivo; João Almeida, orgulho no Tour; sempre Nadal
1 Renato Sanches estreou-se com a principal camisola do Benfica a 30 de outubro de 2015, lançado por Rui Vitória em Tondela, ao minuto 75, para o lugar de Jonas, autor do primeiro golo de vitória gorda dos encarnados, por 4-0, na nona jornada da Liga. Quem chorava pela partida do argentino Enzo Pérez, em janeiro, com destino ao Valência, pôde, finalmente, limpar as lágrimas...
Aos 18 anos, antes de festejar a conquista do Euro-2016 (participou em seis dos sete jogos de Portugal na prova, três a titular, um deles a final), o médio terminou a temporada de caneta na mão a assinar contrato milionário com o Bayern, comunicado à CMVM a 10 de maio de 2016, que rendeu às águias €35 milhões mais possíveis €45 M por objetivos. Não valeria a pena ter permanecido em Portugal para ganhar mais experiência e rodagem? Com tanto talento, dono e senhor do meio-campo do Benfica, adorado pelos adeptos, para quê rumar tão cedo ao clube bávaro, no qual encontraria concorrência feroz num contexto bastante mais agreste, dentro e fora de campo?
O dinheiro não é tudo, Renato, ouviu-se vezes sem conta em maio de 2016, tal como se ouviu em julho de 2019, no dia em que João Félix, aos 19 anos, foi anunciado no Atlético de Madrid após apenas seis meses de afirmação na Luz, e se ouvirá em breve quando for selada a transferência de João Neves, também aos 19 anos, para o PSG. Sempre que ouço alguém falar de cátedra sobre gestão de carreira — normalmente em tom depreciativo, como se quem diz sim a ofertas para auferir em meia dúzia de anos euros suficientes para alimentar duas ou três gerações fosse mentecapto — imagino o que aconselharia um filho meu a fazer nas mesmas circunstâncias de Renato em 2016, Félix em 2019 ou Neves em 2024.
Obviamente que lhe diria que aceitasse, sem pestanejar, pois no mundo real há propostas impossíveis de recusar. Esperava-se mais de Renato Sanches e João Félix? Sim, claro, por razões diferentes tardam em justificar as expetativas que criaram, sobretudo porque o talento de ambos colocou a fasquia demasiado alta ainda em tenra idade.
O futebol é o momento — frase batida que não deixa de ser verdadeira —, ninguém poderá saber como teria sido o trajeto profissional de Renato Sanches e João Félix se optassem por continuar no Benfica em 2016 e 2019. Mas nem tudo está p€rdido, isso é garantido...
2 Grande João Almeida! Se nada de anormal acontecer hoje no contrarrelógio que fechará a 111.ª edição da Volta a França, o corredor de 25 anos terminará em quarto lugar. Só Joaquim Agostinho, terceiro em 1978 e 1979, fez melhor na lista de proezas portuguesas no Tour.
Um feito numa corrida de 3.498 quilómetros em que trabalhou sempre a pensar nos interesses do esloveno Tadej Pogacar, o camisola amarela que dominou a Grande Boucle. Quando João Almeida for líder indiscutível de uma equipa, aí o céu será o limite. Se assim já é...
3 Nuno Borges defronta hoje Rafael Nadal em Bastad, primeira final do tenista português num torneio ATP. Mas a grande notícia é que o espanhol, um dos maiores de todos os tempos, aos 38 anos, martirizado por lesões, continua firme a lutar por adiar o adeus ao ténis. Nós agradecemos o esforço.