'Hat Trick': Palhinha nunca desistiu 'por dá cá aquela palha'
João Palhinha no momento em que assinou contrato com o Bayern até 2028 (Foto Imago)

'Hat Trick': Palhinha nunca desistiu 'por dá cá aquela palha'

OPINIÃO14.07.202409:45

Novo médio do Bayern soube sempre lamber as feridas e seguir em frente, sem desculpas; Di María é solução ou problema? Depende dele e de Roger Schmidt; Lamine Yamal, simplesmente!

1 Vamos lá escolher linhas depressa que daqui a pouco está a tocar o sino outra vez. À chegada ao recreio, cientes de que o dono da bola não podia ir à baliza mesmo que se atrapalhasse com ela nos pés, importava não perder tempo para aproveitar cada minuto de pausa entre as aulas. Era assim na escola, mas também na rua, no jardim, na praia, nos terreiros ainda à espera da construção de mais um prédio...

Não sei se João Palhinha - no passado dia 9 celebrou o 29.º aniversário - ainda jogou à bola onde, no mínimo, houvesse espaço para balizas de dois passos delimitadas por duas pedras soltas da calçada. Sei que começou no Alta de Lisboa, depois deu o salto para o Sacavenense e aos 17 anos, em janeiro de 2013, transferiu-se para o Sporting já com contrato de profissional.

Suspeito que em criança, se nessa altura exibisse as características que o fizeram vingar em adulto, não fosse o primeiro a ser escolhido na formação das equipas para os jogos entre amigos. Os preferidos eram os mais habilidosos, capazes de fintarem dois ou três numa cabina telefónica, tabelarem com o lancil do passeio e marcarem de calcanhar. Aqueles que metiam o pé, faziam carrinhos e contribuíam, assim, para que os adversários ficassem com os joelhos marcados pelo alcatrão, esses, como seria o caso de Palhinha, não eram opções prioritárias.

Antes de se estrear no Sporting, em 2016/17, esteve cedido a Moreirense e Belenenses, de onde regressou a Alvalade, pela mão de Jorge Jesus, que, após desaire no Dragão, afirmou que o «FC Porto foi melhor na primeira parte porque o João Palhinha não levou o guião certo para se poder enquadrar com o que estava a acontecer, perdeu-se durante meia-hora e isso foi fatal».

Há palavras que matam, mas Palhinha não se armou em vítima, não culpou o treinador ou o sistema de jogo como os eternos incompreendidos. Lambeu as feridas como um leão, saiu para o SC Braga, voltou para ser campeão com Rúben Amorim e, agora, chegou ao Bayern após se impor no Fulham e ganhar lugar na Seleção.

Admiro Palhinha e todos os Palhinhas, os que vão à luta, sem desculpas por dá cá aquela palha.

2 Solução ou problema? À beira de se despedir da seleção, na próxima madrugada, quando a Argentina defrontar a Colômbia na final da Copa América, Di María, aos 36 anos, vai continuar no Benfica.

Na época passada, que assinalou o regresso à Luz, marcou 17 golos e assinou 13 assistências em 48 partidas. Um registo destes nunca poderá ser um problema, mesmo que por vezes el fideo possa obrigar os companheiros a correrem mais para disfarçarem as sua limitações defensivas; se será ou não uma solução dependerá da gestão de Roger Schmidt e da capacidade de o jogador aceitar que terá de desempenhar outro papel.

«Schmidt sabe que não gosto de sair», disse, selado desaire no Bessa em 2023/24, após ter sido substituído e pontapeado uma garrafa ao chegar ao banco. A Roger Schmidt e Di María fará bem observarem o modus operandi de Roberto Martínez e Cristiano Ronaldo no Euro-2024 e fazerem o contrário do que fizeram o espanhol e o português.

3 Lamine Yamal completou ontem, 13 de julho, 17 anos. Natural de Esplugues de Llobregat, filho de mãe da Guiné Equatorial e pai marroquino, o extremo é a melhor notícia deste Euro-2024 e um raio de esperança para um Barcelona atormentado pelo poderio económico e desportivo do Real Madrid.

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