‘Grinch’ de Alvalade a roubar o Natal
Frederico Varandas

‘Grinch’ de Alvalade a roubar o Natal

OPINIÃO30.12.202406:30

'Para lá da linha' é uma opinião semanal

«Entendo a contestação. Os adeptos apoiaram o jogo todo, no final e estão livres para se pronunciar. Eles fazem o seu trabalho, nós não conseguimos retribuir com vitória. Temos de ser homens para assumir o momento». Estas são das últimas palavras de João Pereira como treinador do Sporting depois do empate com o Gil Vicente. Ele talvez não soubesse, quando falou pelas 23 horas de dia 22.

Nessa altura presumo que já tivesse as prendas de Natal todas compradas, mas ainda lhe estava reservada uma caixa com carvão, tradicionalmente destinado a quem se porta mal. Foi iniciado o plano de substituição e minutos antes do fim do dia de Natal, a saída oficializada nas redes sociais com curta frase.

A BOLA adiantou logo no dia 23 que Rui Borges seria o seu sucessor, o que estragou o natal aos adeptos do V. Guimarães, felizes da vida com um treinador firme no campeonato e a brilhar na Liga Conferência, que desde o início está ‘reservada’ ao Chelsea, mas quem sabe? Faltava um substituto no Castelo, e quando se falou em Luís Pinto, do Tondela, ficou também estragado o Natal lá.

Uma bola de neve criada por Frederico Varandas, vestido de ‘grinch’ de Alvalade. O grinch é uma figura da literatura infantil, por acaso verde, que não aprecia esta época. Na verdade tem um trauma de infância causado por um 'bully' (mas isso é outra história) e decide estragar o Natal aos outros.  Nem de propósito, nos prémios Stromp dias antes, fora ele a dizer ter sido alvo de bullying: «Dezembro era traumático para mim. Sofri 'bullying' com as piadas do Natal.»

Apresentou João Pereira como aposta sólida e preparada, apesar de avançar mais cedo que o previsto. Entretanto o cenário mudou, escudado pelas costas largas das arbitragens, mais as lesões inoportunas (nunca são o contrário) e justificação, na apresentação de Rui Borges no dia 26, de que «João Pereira não pôde ser João Pereira». Mas quem não o deixou ser? Ele queria «assumir o momento».

E depois ainda há Manchester, onde Ruben Amorim foi roubado do sorriso e já tem mais derrotas do que o homem que foi substituir, Erik Ten Hag, mas parece continuar a ter tempo para trabalhar.