FC Porto: e se mais vale a Liga Europa?
Vítor Bruno

FC Porto: e se mais vale a Liga Europa?

OPINIÃO27.09.202407:30

A prova europeia começou mal para os dragões, mas pode ser uma competição mais branda para uma equipa ainda a (re)construir-se. Se a pressão de ganhar não for demais…

Vítor Bruno bem tentou chutar o favoritismo para fora do estádio, mas o peso de ser o FC Porto também tem destas coisas. Frente a um Bodo/Glimt - campeão norueguês com um bom treinador e uma equipa que sabe sempre o que fazer -, era muito difícil não atribuir vantagem aos dragões, mesmo apesar do frio, do relvado sintético ou dos resultados da equipa da casa.

Perder na Noruega, neste arranque do novo formato da Liga Europa, não foi só um enorme alerta para os azuis e brancos, que ainda vão enfrentar adversários teoricamente bem mais difíceis, como Manchester United e Lazio. O que se viu em campo – desde a escolha do 11 (se não havia necessidade de rotação, para quê deixar os tantas vezes decisivos Alan Varela, Galeno e Pepê no banco?), à falta de intensidade da equipa (que às vezes quer dizer tudo e por outras não quer dizer nada…) e ao expor de fragilidades coletivas que só Gyokeres e companhia tinham testado – foi uma equipa macia demais para a exigência que esta época trará.

O FC Porto partiu atrás dos rivais na Liga: nas expectativas, nas contas e na sequência dos resultados da temporada passada. Para já isso pouco se tem notado, a não ser naquela derrota indiscutível em Alvalade. Há, obviamente, um bom trabalho a ser feito no Dragão, desde os últimos dias de mercado, à vontade de ganhar várias vezes desde os primeiros minutos de jogo. E também já se sabe que costuma ser precisamente quando menos se espera dos dragões que estes mostram as garras. No entanto, se a derrota com o Bodo/Glimt tiver sido só uma questão de excesso de confiança no Norte da Europa, não é a melhor altura para tê-la.

Ora, pelo que se viu na pequena cidade de Bodo, julgo que os azuis e brancos até podem ficar em parte satisfeitos com a ausência de participação na Liga dos Campeões. Mesmo que a conta bancária sofra, às tantas mais vale mesmo competir a um nível atingível. O problema será se, ao contrário da motivação que vinham encontrando nas últimas épocas para se mostrar aos gigantes do futebol como uma equipa bem organizada, lutadora, com talento capaz de decidir nos grandes palcos, a Liga Europa passar a significar apenas a pressão de ganhar o troféu.

Na verdade, talvez não haja aqui nenhuma evidente reflexão, na medida em que há trabalhos mais difíceis do que ter de viver com este «vício de ganhar», como lhe chama Vítor Bruno. Veremos como reage agora o treinador ao primeiro grande e inesperado tropeção da época.