Falso D. Sebastião
Luís Filipe Vieira é o único responsável pela reintegração desfasada de Jesus
C ORREM notícias sobre a alegada insatisfação da equipa do Benfica em relação ao treinador Jorge Jesus. Pela escrita dos vários meios de comunicação sobre o assunto, os jogadores parecem ser os maiores defensores de um bilhete só com ida do técnico para o Brasil (ou para outro lado qualquer, desde que longe da Luz). Pelas contas que se faz, Darwin e Gilberto estariam dispostos a conduzir o sexagenário a qualquer aeroporto/aeródromo e a dupla central Otamendi-Veríssimo assegurar-se-ia que o mesmo não só daria efetiva entrada no avião como o veria a levantar voo à janela. Ironia à parte, a alínea a) do artigo 13.º do contrato coletivo de trabalho celebrado entre a Liga de Clubes e a Associação Nacional de Treinadores de Futebol estipula que um treinador deve respeitar, tratar com urbanidade e lealdade os jogadores. E se não se comportar de forma adequada, encontra-se sujeito ao poder disciplinar da entidade empregadora nos termos do artigo 16.º da mesma convenção coletiva, correndo o risco de várias sanções. Ora, por todos os clubes por onde passou, Jesus é o espécimen vivo do incumprimento regular e gritante do 13.º bem como a imagem de marca da omissão prevista no 16.º. Por outro lado, foi notória a promoção faustosa em terras lusas do elevado grau de arrependimento na contratação de Renato Gaúcho pelo Flamengo, tentando-se assombrar o brasileiro com a figura de Jesus incorporado num verdadeiro D. Sebastião. Ainda assim, crê-se que o amadorense não anda satisfeito com a entourage de jornalistas que foram, muitos anos, os seus maiores defensores, tal é a chuva de críticas de que tem sido alvo. Nada mudou na figura deste treinador. Nem o seu cabelo que também se constituiu exacerbadamente como marca associada. Luís Filipe Vieira é o único responsável pela reintegração desfasada deste ex-funcionário que o próprio despachou no passado. Ainda não se assistiu ao despedimento com justa causa de um treinador por ofensa à honra ou dignidade dos seus jogadores. Mas haverá sempre uma primeira vez.