Eusébio merecia mais

OPINIÃO19.07.202306:35

O nome do ‘pantera negra’ acarreta uma noção de grandeza que o Benfica desta vez não teve. Eusébio Cup não é o Torneio do Guadiana

A época passada consagrou o Manchester City como  a melhor equipa do mundo e uma das melhores do século e as razões para o êxito foram as alterações que Pep Guardiola introduziu na forma de jogar dos citizens,  provando que é possível seguir caminhos diferentes mesmo quando estão as mesmas pessoas ao leme da nau. Todos os que amam o futebol puderam observar as cambiantes estruturais que saíram da  mente genial do técnico catalão, mas há um dado agora conhecido que o confirma: segundo o The Athletic, citando a Opta, o vencedor do treble marcou mais golos em contra-ataque em 2022/2023 (sete) do que nas duas épocas anteriores (cinco). Ter Haaland na frente ajudou porque além dos golos que marca com a naturalidade com que respira, desenvolveu em Manchester uma extraordinária capacidade para jogar como pivô, segurando a bola para o início de transições rápidas. «Antigamente pensávamos que teríamos de estar 90 minutos a dominar o jogo. Agora já não», disse Bernardo Silva após a eliminatória frente ao Bayern, em cujos jogos a posse de bola não foi a preocupação principal, senão a objetividade e até uma certa verticalidade que quase soa a contranatura. Há cinco anos ninguém diria que uma equipa treinada pelo espanhol seria a terceira com mais golos de contra-ataque na Premier League (só atrás de Man. United e Liverpool, com nove e oito respetivamente). Só mesmo Guardiola poderia matar o Guardiolismo do tiki taka.

A passagem pelo Bayern e pelo futebol alemão também lhe abriram outras perspetivas. A diferença entre o Barcelona e o Man. City de Guardiola é o que as equipas fazem após a recuperação da bola. O Barça era uma equipa que asfixiava o oponente e depois brincava com ele até cansá-lo, o City persegue o adversário e mantém os dentes de fora até terminar com a bola rapidamente na baliza. Quem não tem Messi caça com muitos Bernardos.

OBenfica tinha anunciado no site oficial, quando apresentou o calendário de pré-época, que a Eusébio Cup seria o último jogo antes da Supertaça frente ao FC Porto. Nesta semana, porém, veio a saber-se, de modo não oficial, que afinal a taça que leva o nome do melhor jogador da história do clube não vai realizar-se devido às Jornadas Mundiais da Juventude e porque  o novo relvado precisa de consolidação após ter sido substituído na sequência do concerto dos Rammstein. Dois eventos há muito programados, portanto, o que torna a decisão ainda mais grave do ponto de vista reputacional. Ter um troféu com este nome requer a exata noção sobre a real importância das coisas. A memória de Eusébio merecia mais e uma taça com este legado não pode ser tratada como se fosse o Torneio do Guadiana.

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