EUA contra o Mundo

EUA contra o Mundo

OPINIÃO03.04.202412:07

O que dirá o sindicato dos jogadores se ser ‘all-star’ pode significar vir a ganhar mais...

Há uma semana, em entrevista ao programa da CNN King Charles, de Charles Barkley e Gayle King, o commissioner da NBA Adam Silver terá aberto, mais que nunca, a hipótese do All-Star Game, que esta época, em Indianápolis, e depois de seis edições com os capitães de cada seleção a escolherem, à vez, os 24 eleitos, voltou ao formato de Este contra o Oeste, passar a ser Estados Unidos contra Equipa Mundo.

A ideia está longe de ser nova e tem bastantes adeptos, mas a novidade é mais por ser SiIver, que não é grande apoiante pelas mais variadas razões, nunca se ter referido a ela de forma tão séria.

Uma, e visto que os jogadores, no regresso ao Este-Oeste, continuam a não defender, abrindo autoestradas para os adversários afundarem ou lançando repetidamente de meio-campo para ver quem encesta num esforço, vá lá, com muito boa-vontade, de 40%, deve-se também ao fim dos contratos televisivos em 2025. A NBA pretende que os novos estejam assinados em 2024, para então mexer nos tetos salariais, aumentar receitas e avançar para a expansão.

Será essa a solução? Quem garante que os jogadores terão maior vontade de disputar um jogo de basquete a sério, que entusiasme os adeptos nos 214 países e territórios para onde está a ser transmitido, só por causa dessa divisão. Afinal uma das desculpas que as estrelas dão por não se aplicarem é para não se magoarem e querem ter um fim de semana de diversão. Será que no EUA contra o Mundo têm menos hipóteses de se lesionarem?

Outro problema. No início da temporada, as 30 equipas contabilizava cerca de 540 jogadores: 15 com contratos standard e três com acordos de duas-vias, caso do nosso Neemias Queta. Do total 125 eram estrangeiros, vindos de 40 países, o que dá 23%. Ora, cada Seleção do All-Star é composta por 12 elementos, a NBA não quer mudar para 15, e estes são eleitos, no caso do cinco inicial, por fãs, imprensa e colegas – os suplentes pelos treinadores de cada conferência. Estão lá por mérito do que têm feito nessa época. Como é que os basquetebolistas americanos veriam o seu universo all-star, que para alguns é quase como irem à Seleção, ser muito mais reduzido do que o dos estrangeiros.

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E depois, para que esse mudança aconteça terá de ser aceite pelo forte sindicato dos jogadores. O que dirá a NBPA sobre a alteração quando, por vezes, os associados podem vir a ganhar mais no final da época ou quando chegar a renovação, se tiverem sido all-stars. Qualquer estrangeiro ficaria em vantagem, no negócio e na escolha. Afinal o seu universo é bastante mais reduzido.

E se nessa campeonato não houver tantos não americanos, que até estão em maioria no top 5 da corrida ao troféu de MVP, a destacarem-se? Vão porque tem de ser quando haveria outros que o mereciam mais?

Apesar do número e impacto dos estrangeiros na Liga ser cada vez maior, dos 26 all-stars de Indianápolis-2024, houve mais dois devido a lesões, só cinco eram estrangeiros. E incluo Joel Embiid (lesionado), natural dos Camarões mas que se naturalizou para ir à Seleção dos EUA nos Jogos. E em Salt Lake City-2023 eram oito. O problema de Silver vai continuar a ser difícil de resolver e 2025 é já ali...