Editorial: E para hoje, uma equipa fresca
Novos jogadores entram em cena. Portugal sabe que precisa de todos para dar vida ao sonho
Roberto Martínez não anunciou jogadores para o jogo de hoje, na Bósnia, mas anunciou que ia apresentar uma equipa fresca. Faz sentido. Tal como disse o selecionador nacional, faz sentido porque o jogo com a Eslováquia foi intenso e desgastante e porque se espera da Bósnia uma equipa que vai encarar o jogo como uma final, porque é a última oportunidade para ainda poder pensar na qualificação.
Mas também faz sentido naquilo que se poderá chamar a primeira fase de preparação para o Europeu. Portugal está qualificado, com sete vitórias em sete jogos, precisa de continuar a encontrar novos desafios nestes três jogos que lhe faltam realizar e precisa de pôr à prova a segunda escolha. Não se trata de menorizar o talento e a qualidade que Portugal tem tido no banco, mas percebe-se que Roberto Martínez foi consolidando a sua opinião sobre a equipa nuclear, percebe-se que pode sempre mudar um ou outro jogador, mas, como qualquer selecionador, Martínez chega a uma fase de experiência em que tem decisões tomadas, que só mudarão por imperativos imprevistos.
E isso não quer dizer que tem menos confiança nos jogadores menos utilizados, até porque um Campeonato da Europa, na sua fase final, é uma prova que exige muito de todos e para Portugal, que começa a elaborar no sonho de repetir a proeza de França, a ideia de ter uma grande equipa, o que significa bem mais do que ter um excelente grupo de talentos, obriga a expor novos jogadores, e muitos deles também deverão ser escolhidos, o que só será possível se também tiverem de enfrentar desafios difíceis, duros, que obrigam a sacrifícios e que impõe, em qualquer circunstância, o sentimento do dever de ganhar. Foi mais ou menos isto que Roberto Martínez expressou na conferência de imprensa de apresentação do jogo de hoje.
E fê-lo com sensibilidade e bom senso, deixando também entender que não se devem esperar grandes mudanças no futuro. Uma frase especialmente significativa: «Não devemos mudar só por mudar.» Sim, o selecionador nacional já encontrou a grande maioria do grupo que vai levar, em junho e julho do próximo ano, ao Europeu da Alemanha. Por isso, todos os jogos contam e nem mesmo por estar qualificado e com um pé na liderança final do grupo, Portugal poderá deixar de ver um desafio em cada jogo.