Dois cidadãos

OPINIÃO11.12.202003:00

1 - Menos de 24 horas após o 4.º árbitro do PSG-Basaksehir, o romeno Sebastian Coltescu, ter identificado o camaronês Pierre Webo, adjunto da equipa turca, como «negro», dois cidadãos portugueses, técnicos de futebol, comentaram o sucedido. «Hoje está muito na moda isso do racismo», disse, sem corar de vergonha, Jorge Jesus, como se a luta contra a discriminação racial, o preconceito, enfim, o racismo não justificasse atenção permanente, antes tivesse prazo de validade como as coleções dos costureiros de Paris ou Milão ou os ténis do Lidl. Nas conversas com Manuel Sérgio, a JJ deve ter escapado  uma das mais célebres formulações do genial pensador - «Quem só sabe de futebol nem de futebol sabe» - que não passou despercebida a José Mourinho. «Todas as formas de racismo devem ser combatidas, não queremos isso no futebol. Cometeu [Coltescu] um erro inaceitável, só ele poderá abrir o seu coração e pedir desculpa», afirmou o special one, cujos horizontes vão para lá das transições defensivas e ofensivas, das bolas paradas, da importância do 6 ou do «fair play é uma treta».

2 - No regresso a Camp Nou, onde gritou siiiiiiiii por duas vezes, Cristiano Ronaldo mostrou a habitual sede de golo e vê-lo, já com o jogo decidido, correr para roubar a bola a Messi na área da Juve, é sinal de que a menos de dois meses de completar 36 anos continua insaciável. Como seria a carreira do português se ainda estivesse na casa blanca? Ao constatar o momento do argentino no Barça, talvez CR7 possa imaginar aquilo que lhe poderia ter acontecido no Real… 

3 - Morreu Paolo Rossi, o goleador do Mundial-1982, o primeiro que guardo na memória. O herói de Sarrià que matou o sonho dos brasileiros - e de tantos portugueses como eu quando Portugal não contava para este totobola - também faturou na final com a Alemanha. E nesse 11 de julho assisti ao mais fantástico festejo de um golo de que me lembro, saído da alma de Tardelli.