Da Amadora ao Cairo

OPINIÃO10.01.202103:00

1 - Arrancam amanhã, no Funchal, os oitavos de final da Taça de Portugal com o confronto entre o Marítimo e o Sporting. E na terça-feira, também na Madeira, o Nacional volta a receber um grande, agora, e nesta prova federativa, o Futebol Clube do Porto. E nesse mesmo dia o Rio Ave defronta o Estoril , o Moreirense o Santa Clara e o Benfica tem uma curta, mas emblemática, deslocação à cidade da Amadora. E os oitavos de final da prova rainha do futebol português terminam, em tese, na noite do dia 14, em Barcelos, com o encontro entre o Gil Vicente e o Académico de Viseu. O Benfica regressa, assim, a um Estádio acolhedor e no qual, principalmente como benfiquista, tive muitas alegrias e poucas tristezas. O Benfica já defrontou o Estrela da Amadora - agora, em rigor, um novo clube e com nova designação, Club Football Estrela, em resultado da fusão entre o Sintra Football e o Estrela! - dezoito vezes e conquistou doze vitórias. Mas não esqueço - estava lá! - uma derrota em Fevereiro de 2000 e com arbitragem de Jorge Coroado. Nesse dia o Estrela da Amadora, liderado por Jorge Jesus, venceu claramente o Benfica treinado pelo alemão Jupp Heynckes por 3-0. E no Benfica jogaram, ente outros, Paulo Madeira e Calado, Bruno Basto e Nuno Gomes, João Tomás e Maniche, Poborsky  e Sabry! A última vez que o Benfica visitou a Reboleira e o Estádio José Gomes - estádio que resistiu a tudo e a todos e que o Município da Amadora soube juridicamente preservar - foi em Abril de 2009 e num jogo arbitrado por Hugo Miguel. Em que também marquei presença e trazendo à recordação um Amigo, o Júlio António, um Senhor que sempre soube conciliar a sua dedicação ao Estrela com a sua paixão pelo Benfica!  O Benfica, liderado por Quique Flores,  venceu por duas bola a uma, dois golos de Óscar Cardozo e com o golo do Estrela a ser marcado pelo  Silvestre Varela ! E o Benfica apresentou uma equipa com David  Luiz e Maxi Pereira, Nuno Gomes e Aimar, Miguel Vítor e Quim (guarda redes!), Jorge Ribeiro e Katsouranis, Di María e Rúben Amorim. Uma equipa com grandes nomes mas que terminou o campeonato em terceiro lugar atrás do campeão  Futebol Cube do Porto e do Sporting! E o que é interessante é que foi um dos  últimos jogos do Estrela no principal escalão já que  em razão da crise imensa e intensa que  o abalou não teve condições  de se manter na primeira divisão e deu lugar ao Belenenses  que havia descido - tal como o Trofense! - à segunda divisão. E o Estrela, em termos desportivos, tinha alcançado o 11.º lugar - em 16 participantes - à frente de Rio Ave, Naval e Vitória de Setúbal ! E o que a história nos diz - sempre objetiva! - é que o terceiro lugar do Benfica determinou a contratação de Jorge Jesus e a sua liderança  leva o Benfica ao 32º. título de campeão nacional. Com o ataque mais concretizador  (78 golos), a defesa menos batida (20 golos ) e com menos derrotas (duas apenas!). O Benfica regressa, assim, ao José Gomes e Jorge Jesus reencontra a sua Amadora e o Estrela. Só falta o público. E a estrutura do renovado Estrela - com a Família Lopo, André Geraldes e o treinador Rui Santos a merecerem justa referência - têm razões para sorrir. Recebe o Benfica, tem transmissão televisiva  e, mesmo sem a receita de bilheteira , tem uma significativo alento na sua tesouraria. E pode sempre  sonhar! Por mim tenho pena de não regressar ao José Gomes, a bancadas próximas do relvado e a vibrar, ao vivo, com a paixão do jogo. Mas acredito que para Jorge Jesus será um regresso bem especial. Sabendo nós bem que «a recordação é o perfume da alma»!

2 - Na próxima quarta feira, ao que lemos com público - o que legitimamente perturba muitas das seleções participantes -, arranca o Mundial de Andebol no Egito. Portugal defronta, no Cairo, a Islândia ( dia 14) , Marrocos (16) e Argélia ( 18). Mas hoje mesmo na capital da Islândia defronta a seleção local na busca do apuramento para o Europeu-2022 que se disputará na Hungria e na Eslováquia. Recordando que no último Europeu, disputado no ano passado, alcançámos um brilhante sexto lugar. O andebol português, com a liderança técnica de Paulo Pereira , volta 18 anos depois a um Mundial. Em 2003 o Mundial disputou-se em Portugal e foi um êxito organizativo. Acredito que esta seleção - construída, e bem, a partir da equipa do Futebol Clube do Porto, com dois jogadores do Benfica, um do Póvoa AC  e com a presença de seis jogadores que atuam em grandes clubes europeus - tem condições para passar o grupo e permanecer no Egito para além do dia 18 e até disputar o título com Croácia, França, Noruega e Espanha! Felicidades ao andebol português, à sua Federação e a esta notável seleção!

3 - Os números da pandemia determinam medidas extraordinárias e um novo confinamento. A responsabilidade de cidadania determina que, também nós, sejamos colaborantes na não propagação deste vírus que nos perturba e angustia. Acredito que, para além de não se fecharem as escolas, alguma atividade desportiva  se manterá na linha do que ocorre em Inglaterra ou na Alemanha. E não ignoro o esforço que, por exemplo, ao nível do futebol, a Federação, a Liga e os clubes (as SAD) têm feito para atenuar a difusão do Covid, o que não deixa de ser exemplo e não pode deixar de ser tido em consideração pelas autoridades políticas e pelas entidades sanitárias na concreta avaliação na próxima terça-feira. Mas não ignorando  a situação  bem crítica que vivemos. Que exige responsabilidade individual, antes de tudo!

4 - Permitam uma nota histórica que se regista a 16 de Janeiro. Há 101 anos o Senado dos EUA - tão dramaticamente atingido esta semana! - aprovou a denominada Lei Seca! Que se tornou, de verdade - e basta ver a história de Al Capone! - numa lei  molhada! O que mostra  que «a proibição é a melhor publicidade»! Falava-se, na altura, de bebidas. Hoje há novas proibições e acrescida publicidade. Cuidado com o vírus. Protejam-se!