Os excertos do livro de Pinto da Costa nem Sérgio Conceição poupam. Quem diria que o treinador que renovou a dias das eleições não teria assegurada presença na ‘guest list’ do funeral
No próximo domingo, a cidade do Porto vai acolher um evento mediaticamente relevante, com a apresentação do livro de Pinto da Costa, intitulado «Azul até ao fim». Só aí - com o acesso total à obra - poderemos fazer a avaliação final deste exercício de escrita - e de ajuste de contas - do ex-presidente dos dragões. No entanto, os excertos que foram sendo conhecidos esta semana já deixam antever que poucos poderão estar descansados.
Depois de 42 anos no poder, já tínhamos reparado que Pinto da Costa não tem uma boa relação com a derrota. A última das quais foi categórica, nas eleições, e nem antes nem depois delas se viu uma reação ou saída honrosa. Daí que não seja surpreendente que a atual direção do FC Porto, ou quem teve a audácia de a apoiar, ou ainda quem continuou a trabalhar em prol do clube mesmo trocando de chefe não estejam na lista de presenças permitidas no seu funeral. Só o ex-presidente terá o direito de a fazer, é certo, e com os critérios e valores que bem entender, mas também basta olhar para ela para retirar algumas conclusões.
Há, no entanto, uma ausência muito notada. E quando começámos a ler algumas partes do livro, nomeadamente a explicação de alguns negócios e a forma como o FC Porto estava a ser gerido sobre brasas a cada momento, percebemos porquê. Em março de 2023, após um afastamento doloroso dos oitavos de final da Liga dos Campeões frente ao Inter, Pinto da Costa escreveu que não se recandidataria e que não renovaria com Sérgio Conceição. O treinador tinha desabafado com os jornalistas sobre as condições em que trabalhava e como ia construindo equipas competitivas mesmo com o garrote do fair-play financeiro. Tudo verdade, ao contrário dessas decisões anunciadas por Pinto da Costa, pois tanto se recandidatou, como renovou com ele. A «pressão» do treinador para ter Zé Luís e Nakajima, negócios então «ruinosos», foi a gota de água para Sérgio, que também não é propriamente conhecido pela capacidade de encaixe ou reflexão profunda antes de reagir.
23 outubro 2024, 08:30
Entrevista do ex-dirigente à TVI, em agosto passado, na qual considerou «uma deselegância», mas não uma «traição», Vítor Bruno ter aceitado treinar a equipa principal, deixou antigo treinador do FC Porto revoltado
A BOLA já aqui contou as razões para as duas maiores figuras do FC Porto que caiu em abril deste ano estarem de costas voltadas. Se no domingo se confirmar a ausência de Conceição, Pinto da Costa terá ao seu lado um trunfo a menos, e um ressabiamento a mais. A lealdade que os uniu até ao fim - levando o treinador a renovar a dias das eleições e a assinar também a sua sentença -, afinal, pode não ser bem assim. Veremos, então. se a saída nada honrosa de Pinto da Costa fará mais uma vítima.
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