Chegou a hora do adeus de Ruben Amorim
Talvez o momento mais importante do clássico da Luz aconteça a 370 quilómetros, em Braga...
Benfica e FC Porto entram este domingo em campo na Luz, às 20h45, com vontade de virar a página. A página depois das derrotas europeias a meio da semana, sim, mas sobretudo a página dum campeonato que parecia (parece?) ter uma equipa à frente de todas as outras: o Sporting. É que, por altura do pontapé de saída do clássico em Lisboa, em Braga estará Ruben Amorim a despedir-se do Sporting.
Chegou a hora. Após quatro anos e meio em Alvalade, o treinador ruma a Inglaterra, para pegar num Manchester United que está na mesma condição que estava o leão quando Amorim foi chamado para tratá-lo: moribundo (sendo que em Inglaterra estar moribundo significa o 13.º lugar e não o 4.º, porque a concorrência é um bocadinho melhor).
Mesmo com apenas três pontos de avanço sobre o FC Porto, o Sporting parecia bem lançado para um bicampeonato que lhe foge há 70 anos, tamanha a superioridade evidenciada jogo após jogo (coisa que nem dragão nem águia podem reclamar) na liga portuguesa. Talvez continue, mas agora terá de ser João Pereira a dar essa resposta, e as dúvidas permanecerão por alguns semanas, até meses, porque se Ruben Amorim beneficiava do registo recente, sobretudo o da época passada, o novo treinador parte sem certezas, só com incógnitas.
Por isso, o momento seminal do clássico desta noite acontecerá provavelmente a 370 quilómetros de distância, na Pedreira. Aconteça o que acontecer no Benfica-FC Porto (claro que quem vencer, se houver vencedor, ficará como líder da oposição ao campeão nacional), adeptos de um e outro olharão para a liga com renovadas esperanças. O monstro que venceu 10 (chegará este domingo às 11?) partidas a abrir com 35 golos marcados e apenas 3 sofridos deixa de ser de sete cabeças. Talvez nem seja de seis ou cinco — está por provar qual o contributo de Amorim para essa monstruosidade. Continuará à frente, continuará a ter Gyokeres, Trincão, Pedro Gonçalves, Hjulmand e Quenda, mas é legítimo esperar que seja diferente, mais cedo ou mais tarde.
Até lá, a ideia de cada rival tem de ser posicionar-se o melhor possível para aproveitar caso as coisas por Alvalade passem a correr pior. Por isso o clássico, mesmo que não decisivo (concordo com Bruno Lage que não há jogos decisivos à 11.ª jornada... para encontrar campeão, mas há quem perca o título à 11.ª jornada, e se o Sporting vencer e o Benfica perder a missão encarnada fica muito, muito complicada), tem importância capital.