Bruno Lage já veste o fato de campeão

OPINIÃO05.12.202407:00

Benfica está forte, confiante, alegre. Como o de 2018/2019. De Tomás Araújo a Ferro, de Arthur Cabral a Taarabt, De Di María a Jonas ou de Akturkoglu a Rafa…

Menos de um mês volvido e muito mudou no campeonato. A 10 de novembro, o Sporting vence sensacionalmente em Braga (4-2), depois de estar a perder 0-2 ao intervalo. Ruben Amorim faz o último jogo pelos leões e deixa-os nos píncaros, depois de cinco dias antes vencer ainda mais sensacionalmente o Manchester City (4-1), depois de também ter começado a perder.

O Sporting entra numa nova era. João Pereira é a escolha de Frederico Varandas, que, antecipando a promessa há muito feita, promove o treinador da equipa B. Apesar do casamento anunciado do diretor desportivo, Hugo Viana, com o Man. City e do doloroso adeus de Amorim, são transmitidos indicadores que a estrutura leonina se mantém sólida e preparada. Afinal, foi só a antecipação de um desfecho já por todos esperado, embora por ninguém do universo sportinguista desejado.

Primeiro jogo e goleada. 6-0 ao Amarante, para a Taça de Portugal. Tudo natural. Segundo jogo e goleada, em casa, com o Arsenal: 1-5. Começam os primeiros sinais de apreensão. Terceiro jogo e mais uma derrota, novamente em Alvalade, com o Santa Clara: 0-1. Adeus percurso 100 por cento vitorioso na Liga, adeus recorde de melhor arranque de sempre.

Não digo que tenham soado os primeiros alarmes, porque julgo que tudo tenha ficado em suspenso para esta quinta-feira. O mesmo será dizer que muito do futuro próximo do Sporting está dependente do resultado em Moreira de Cónegos. É esperar mais umas horas…

Os sportinguistas perderam o sorriso e, simultaneamente, os rivais rasgam-no. Especialmente os benfiquistas – os portistas ainda não sararam as feridas (e tão cedo não acreditam que o façam) da mudança de liderança e paradigma, pelo que preferem, ao contrário do que assistimos durante décadas, correr por fora. É assim o futebol: tudo muda num ápice. E a gestão das expectativas é um fenómeno delicado.

Certo é que no reino da águia as vitórias sucedem-se, as exibições já empolgam e Bruno Lage já fez esquecer Roger Schmidt. O Benfica é outro. Forte, confiante, alegre. Como o primeiro Benfica de Bruno Lage. O tal de 2018/2019, que começou com Rui Vitória e que acabou com o atual treinador como campeão, depois de recuperar sete pontos para o líder, o FC Porto.

Olho para Tomás Araújo e recordo-me de Ferro, vejo entrar o que acho que já se pode considerar ex-patinho feio Arthur Cabral e lembro-me do na altura proscrito Taarabt. Delicio-me com a qualidade extra de Di María como ficava encantado com a classe de Jonas. A capacidade de desequilibrar e marcar de Akturkoglu só me traz à cabeça… Rafa. Só falta mesmo a Bruno Lage descobrir um novo João Félix!

Bem sei que a procissão ainda vai no adro e que é ainda prematuro traçar cenários, pelo menos até ao próximo dia 29. Aí, o dérbi, em Alvalade, talvez possa dar uma ajuda. Mas até lá diria que esta época tem muitas semelhanças com a primeira de Lage, que bem sabe o que é vestir o fato de… campeão.