Raphinha, Vinícius e Neymar após a eliminação do Brasil do Mundial-2022
Raphinha, Vinícius e Neymar após a eliminação do Brasil do Mundial-2022 (Foto: Imago)

Brasil: Quem é o segundo melhor a seguir a Vinícius?

OPINIÃO25.01.202509:30

'JAM sessions' é o espaço de opinião semanal de João Almeida Moreira, correspondente de A BOLA no Brasil

Numa seleção, como a do Brasil, eterna candidata ao título mundial, destino e obsessão do seu futebol desde os primórdios da prova, não basta ter um craque acima de todos os demais. Nunca bastou.

Pelé era apenas o menino prodígio — e que menino e que prodígio — de uma seleção de 1958 que tinha em Didi o líder ofensivo, em Zito o líder defensivo, em Garrincha o virtuoso e em Vavá o principal goleador para dividir protagonismo com o teenager do Santos. Em 1962, desta vez com Garrincha como protagonista, foi mais ou menos o mesmo casting. E em 1970, Pelé, agora líder evidente, foi assessorado por uma galeria de astros como Carlos Alberto, Gerson, Rivellino, Tostão ou Jairzinho, apelidado de furacão da Copa.

Em 1994, por mais que Romário goste de provocar ao dizer que ganhou o Mundial sozinho, teve em Bebeto um sócio de luxo no ataque, havia Raí, na época quase tão estrela como os atacantes citados, Dunga, o patrão do meio-campo, e Taffarel, tantas vezes nomeado maior guarda-redes brasileiro de sempre.

E em 2002 Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho eram fenómenos quase tão fenomenais como o fenómeno Ronaldo, já para não falar nas locomotivas Cafu e Roberto Carlos. 

Desde então não tem faltado um craque aos canarinhos — nos três últimos Mundiais, Neymar foi-o. Mas tem faltado um segundo atleta para dividir responsabilidades com um jogador conhecido por não lidar bem com responsabilidades.

Ora, num país cuja implacável (iludida?) torcida exige o título mundial sempre e que vaia a seleção se ela chegar a casa com o vice-campeonato, a tal responsabilidade é demasiado pesada para ficar nos ombros de um só, como ficou, por exemplo, na do divinal Maradona, em 1986, pela Argentina.

Logo, a pergunta do título é até mais relevante do que a pergunta quem é o melhor jogador brasileiro? Sim, é Vinícius Júnior, claro, mas quem aceita carregar o sonho de 215 milhões com ele? O citado Neymar é, por ora, uma incógnita física, técnica e mental, logo não conta como resposta.

Mas há Rodrygo, camarada de Vini até no Real Madrid e segundo brasileiro mais valioso do mundo segundo o Transfermarkt, há Estêvão, que até 2026 pode crescer na Premier League pelo Chelsea ao ponto de se tornar o principal cúmplice do ex-Flamengo, e, acima dos demais, há Raphinha, o 10 do Barcelona eleito homem do jogo no El Clásico da Supertaça espanhola e, novamente, no espetacular 4-5 da Luz para a Champions.

Como nunca bastou ao Brasil ter só um craque, a forma de Raphinha é a melhor notícia do futebol brasileiro dos últimos meses ou anos.