Benfica: Taça é Taça
Benfica volta à Champions, após eliminatória da Taça de Portugal com o Pevidém (Imago)

OPINIÃO DE RUI ÁGUAS Benfica: Taça é Taça

OPINIÃO08:00

'Visão de golo' é o espaço de opinião semanal de Rui Águas, antigo internacional português e treinador

Respeitar o adversário entrando bem e procurando marcar cedo é a receita da Taça de Portugal para quem se acha ou é favorito. É esta atitude aparentemente simples que previne eventuais surpresas. A altivez e o espera que já marcamos é uma postura arriscada e que se deve evitar. Desta vez, sete equipas de escalões superiores foram eliminadas, três delas da I Liga. Não é novidade, nem acontece por certo por falta de aviso dos treinadores... Mas será que todos os jogadores sabem a história da Taça? Deviam...

Quanto ao mérito da eliminação dos ilustres do nosso principal campeonato, sobem com justiça aos lugares de honra Varzim e U. Leiria, da Liga 3 e II Liga, respetivamente. Porém, ao lugar mais alto do pódio chega justamente o histórico alentejano Lusitano de Évora, equipa do mais baixo escalão a conseguir surpreender e, por isso, autor do maior brilharete da eliminatória.

O Benfica foi, entretanto, uma das equipas apuradas que não correram o risco do relaxamento e da passividade. O Pevidém conseguiu ser, como anunciado pelos seus representantes, um bom exemplo da qualidade do Campeonato de Portugal. Para este jogo, Bruno Lage optou por premiar os atletas com quem trabalhou nesta pausa, construindo um onze misturado com alguns atletas recém-contratados. Kabouré e Amdouni, que embora mostrando argumentos interessantes, são jogadores ainda por adaptar, que não tendo aproveitado completamente a oportunidade vão lutando ainda pela plena integração.

Beste em bom nível foi o maior protagonista. Um jogador alemão que também podia ser suíço, tal a precisão, o compasso e a eficácia das suas ações. Lage escolheu poupar os mais utilizados, não promovendo o ensaio geral cuja utilidade se poderia considerar.

Na proximidade de um confronto europeu, poderá o tempo de paragem sem competir, ampliado pela já famosa novela da Choupana, ser um problema? São dilemas da escolha com os quais os treinadores frequentemente se deparam.

Prolongar uma pausa de campeonato com uma eliminatória da Taça de Portugal, naturalmente menos competitiva, pode ser compreensível, mas neste caso ainda mais inoportuna, especialmente para o Benfica, que viu o Feyenoord, neste período, realizar mais dois jogos.

OSSOS DO OFÍCIO

Lesões é algo que faz parte da vida de um atleta. Fraturas, entorses, roturas, traumatismos, tudo isso eu também tive. Na atualidade, dois jogadores de referência foram recentemente vítimas de um dos mais temidos episódios no que à saúde física e desportiva diz respeito. Carvajal, defesa do Real Madrid, e Rodri, médio do Manchester City, são dois verdadeiros guerreiros obrigados a parar por longo tempo, tendo em conta a importância dos ligamentos cruzados na mais decisiva articulação que temos no corpo.

Esta grave lesão no joelho obriga a cirurgia específica e está perfeitamente definido com rigor o tempo mínimo de paragem, que é bastante.

Será que o desgaste exagerado e continuado, hoje tão discutido, também justifica lesões ligamentares? Talvez o peso destes dois nomes atrás referidos, que representam dos clubes mais poderosos da atualidade, dê mais força a esta luta...

Um outro tipo de incómodo para um atleta, mais frequente mas incomparavelmente menos grave, é a lesão muscular, esta sim mais variável, quer na zona afetada, quer na sua extensão e recuperação.

Ao contrário dos joelhos onde os processos de recuperação estão consolidados, no que se refere a músculos temos por cá dois exemplos que mostram o muito que ainda está por explicar e concluir. Qual a razão pela qual alguns atletas sofrem acidentes musculares consecutivamente, por muito cuidadosa que seja a respetiva recuperação e integração.

Renato Sanches e St. Juste são dois casos de estudo por confirmar e sem conclusão à vista. Atletas de eleição que têm sido obrigados a parar com incrível frequência sem uma justificação clara e objetiva. A cada recuperação a esperança de que tudo corra finalmente bem redobra, mas acredito que o receio de voltar atrás esteja sempre presente. Que desta vez regressem para ficar!