Benfica caminha sobre gelo fino

OPINIÃO24.08.202410:00

Saldo positivo no mercado, qualidade dos reforços e a impaciência dos adeptos no outro prato da balança

A janela para transferências fecha-se no dia 2 de setembro, em Portugal, e o plantel do Benfica ainda vai mexer, mas, olhando para os números já detalhados em trabalho de A BOLA, o saldo, entre compras e vendas, é positivo.

Do que é do domínio público, a SAD encaixou €91,92 M com as saídas de João Neves, Neres e Paulo Bernardo; e gastou €43 M com as aquisições de Pavlidis, Beste, Gustavo Marques, Rollheiser e Carreras. Pavlidis custou €18 M, Beste €8 M, Rollheiser €9,5 M e Carreras €6 M, mas no mercado estão avaliados em €25 M, €15 M, €10 M e €7 M, respetivamente. As águias fecharam estas contratações abaixo do valor estimado. O que não é simples.

Os adeptos têm dificuldade em aceitar as vendas de João Neves ao PSG, por €59,92 M, e de David Neres para o Nápoles, por €28 M (além das verbas possíveis em prémios), mas foram dois bons negócios para o Benfica e que permitem uma almofada financeira importante. Acresce, a estes dois casos, que se em relação a João Neves seria muito difícil recusar uma proposta tão alta, sobre Neres o Benfica limitou-se a defender a sua posição num negócio em que o principal interessado foi sempre e essencialmente um: o próprio jogador. Neres queria sair e saiu mesmo.

Apresentado este cenário, a movimentação do Benfica no mercado não parece desajustada. Será injusto ou pelo menos precoce, concluir que o plantel esteja melhor ou pior do que na temporada passada com base numa má exibição e derrota na jornada inaugural da Liga, em Famalicão, depois de uma pré-época em que a equipa deu bons sinais e na qual faltavam jogadores fundamentais.

O nível de tolerância para Roger Schmidt e jogadores é pouco mais do que zero e mostra que a estrutura, incluindo o presidente, Rui Costa, caminham em gelo muito fino. E essa impaciência vem sobretudo dos adeptos do próprio Benfica, o que torna tudo mais complicado e representa perigo maior do que lutar apenas contra adversários.

O nível de investimento e a qualidade dos que estavam e de alguns que chegaram merece crédito.

É verdade que as peças do puzzle da equipa ainda parecem desencaixadas, mas o nível de investimento e a qualidade dos que estavam e de alguns que chegaram merece crédito. Embora com a consciência de que terá de ser ganho principalmente no campo. O Benfica tem vários desafios nesta época e o principal talvez seja recuperar a confiança nele próprio.