Rui Costa sobe ao palco
Rui Costa, presidente do Benfica (Foto: HMB-Media)
Foto: IMAGO

OPINIÃO Rui Costa sobe ao palco

OPINIÃO15.06.202409:10

Presidente do Benfica enfrenta a sua primeira grande crise diretiva mas tem também uma excelente oportunidade

O mundo dos benfiquistas foi abanado com força na passada quinta-feira. Um terramoto com a globalidade das consequências ainda por apurar na sequência da demissão de Luís Mendes, vice-presidente e administrador da SAD, braço direito do presidente Rui Costa, o homem de confiança do líder dos encarnados, o responsável pela pasta das finanças, na prática a pessoa que tinha a responsabilidade de implementar o modelo e gerir o edifício da SAD, seguindo, é preciso não o esquecer, as diretrizes de quem verdadeiramente manda em tudo: Rui Costa. Não é coisa pouca. E há ainda o risco, grande, do terramoto poder ter réplicas, com outras demissões ou afastamentos em outros departamentos da SAD/clube.

As causas por detrás desta decisão de Luís Mendes terão sido várias, desde opiniões e personalidades divergentes que ao longo dos meses foram criando um fosso entre Luís Mendes e alguns vice-presidentes, até, mais grave, diferentes formas de entender qual deverá ser o caminho a seguir pelo Benfica de forma estrutural. Um caminho que cabe principalmente a Rui Costa apontar; e talvez ele não o tenha feito ainda de forma suficientemente determinada.

Mas independentemente dos argumentos de Luís Mendes para se demitir, eles não serão certamente de hoje e o que causa desconfiança é o timing escolhido pelo vice e administrador para saltar fora do barco. Saiu em vésperas (realizam-se este sábado) de duas assembleias gerais do clube - uma para debater a metodologia a seguir no dossier da revisão dos estatutos e uma outra para aprovar o orçamento para 2024/2025 -, com o planeamento da nova temporada desportiva em cima da mesa e a herança do fracasso da última para mitigar. Unindo os pontos, parece haver aqui algo de estratégico de forma a amplificar os efeitos da decisão e efetivamente reduziram a pó a serenidade no Benfica.

Nesta altura, dificilmente existirá uma saída airosa para a situação e e a responsabilidade do próximo passo é toda de Rui Costa. O presidente das águias enfrenta aqui a primeira grande crise diretiva desde que assumiu o cargo, mas ao mesmo tempo tem, neste momento delicado e complexo, uma excelente oportunidade de se afirmar e consolidar a sua liderança. Vai contratar uma pessoa externa ao clube para o lugar de Luís Mendes, o que parece sensato, e deverá ter a coragem de fazer tudo aquilo que realmente quer e entende que deve fazer. Escolher as pessoas certas para ter ao lado, saber ouvir, mas saber sobretudo decidir. Porque não tenhamos dúvidas: a saída de Luís Mendes coloca em causa o equilíbrio do edifício Benfica, mas colocou os holofotes da atenção mediática dos sócios e adeptos em Rui Costa. A resposta que dará começa hoje, olhos nos olhos em assembleia geral do clube.