Assim... SIM!

OPINIÃO18.01.202119:19

O que vi no Dragão, durante e após o jogo, foi uma nova atitude, uma acrescida disponibilidade e uma evidente vontade

Na passada sexta-feira, primeiro dia de um novo confinamento dito geral, os três primeiros classificados da ainda Liga NOS empataram. O Sporting empatou frente ao aguerrido Rio Ave e Benfica e Futebol Clube do Porto, num jogo rijo, emotivo e bem disputado, empataram no Estádio do Dragão. No final do jogo, e no seu rescaldo,  retomei a leitura de um livro que vivamente recomendo: Uma história popular do futebol de Mickael Correia. E aí busco uma citação de Oscar Wilde bem apropriada ao jogo que tinha  acabado de ver: «O futebol é um jogo para raparigas rudes, mas pouco recomendado para rapazes delicados!» Pela minha parte assumo que gostei do Benfica. Gostei da atitude e das opções do treinador e da equipa no seu conjunto. Gostei das ganas do Pizzi e também das do Otamendi. Gostei da vontade do Rafa e da disponibilidade do Weigl. Gostei da autoridade do Vertonghen e da agressividade - no bom e desportivo sentido - do Nuno Tavares. Gostei da crença do Grimaldo e da solidariedade do Seferovic. Gostei da segurança do Vlachodimos e da convicção do Darwin. Gostei da responsabilidade do Everton e do compromisso do Gilberto. Direi assim… sim! Vi uma equipa operária e não aburguesada! Vi uma equipa sem medo no Dragão e vi jogadores e equipa técnica em total comunhão - e também toda a estrutura do futebol -, o que me dá uma acrescido alento para os tempos próximos, para os grandes e múltiplos desafios que se aproximam. Na sexta-feira o Benfica - equipa - comunidade mostrou a sua força como coletivo e evidenciou  as imensas  qualidades - e o talento - de cada um dos seus extraordinários  jogadores. Diria, acompanhando Jorge Jesus, que o Benfica «perdeu dois pontos»! Mas acrescento que com esta atitude, com esta disponibilidade e com este rigor tático - sempre bem específico tendo em conta o adversário, como decerto ocorrerá na próxima quarta-feira frente ao Sporting de Braga! -, este Benfica irá dar, na presente e ainda singular época desportiva, muitas alegrias aos seus adeptos e simpatizantes. O que vi no Dragão, durante e após o jogo, foi uma nova atitude, uma acrescida disponibilidade e uma evidente vontade. Que, no final e afinal, Sérgio Conceição entendeu e, com a sua intuição, logo verbalizou. Seja face, ou frente, a Jorge Jesus seja nas conferências de imprensa. Direi , reafirmando, assim… SIM! Assim este Benfica nunca caminhará sozinho!

Na próxima semana iremos conhecer, em Leiria, o denominado campeão de Inverno. A final four da Taça da Liga junta os primeiros classificados da Liga NOS. E promete três jogos emotivos e bem disputados. Na terça e quarta-feiras Sporting, Futebol Clube do Porto, Benfica e Sporting de Braga lutam pelo acesso à final do próximo sábado, vésperas da relevante eleição presidencial em Portugal. Que, apesar dos números que nos abalam e angustiam, não foi adiada ao contrário do que ocorreu com as eleições no Barcelona que só irão  ter lugar em março! A final four da Taça da Liga irá proporcionar, ainda, e através da empresa que a concebeu (a Vieww),   uma experiência tecnológica inovadora que permitirá juntar o VAR, as linhas virtuais de fora de jogo e a tecnologia das linhas de golo. Será uma tripla experiência piloto e que exige um maior  número de câmaras - 16! - e que, ao que se lê, permite a definição das linhas virtuais de fora de jogo sem intervenção humana e de forma mais rápida. Mas para lá da tecnologia, das suas experiências e dos seus avanços, o que ambicionamos são jogos emotivos, bem disputados e com total entrega de todos os intervenientes. E, no final, Pedro Proença, o líder da Liga  Portugal, proclamará o campeão de Inverno. E este ano será mesmo, e de verdade, o campeão de um Inverno duro. Bem duro! Das temperaturas baixas à dor imensa que a pandemia, e os seus dramáticos números, nos está a provocar. E desejando a alguém bem próximo e muito querida total recuperação a este vírus que a atacou. Força, Isabel Maria!

E, aqui, e em direta consequência, uma sentida felicitação e um cumprimento  bem especial à Federação Portuguesa de Futebol - nas pessoas dos Drs. Fernando Gomes e Tiago Craveiro - pela disponibilização da Casa dos Atletas - na Cidade do Futebol em Oeiras - ao Ministério da Saúde para funcionar como unidade de retaguarda  para doentes que necessitem de internamento e vigilância médica. Este ato de responsabilidade social e de compromisso do futebol, e da sua estrutura cimeira, com a comunidade nacional não pode deixar de merecer especial registo e claro reconhecimento. E este momento de doação mostra que face a claras dificuldades o futebol diz, uma vez mais, presente. Também aqui, e em outra perspetiva, assumo e escrevo… assim… SIM!

Esta pandemia que nos abala e nos condiciona tem derrubado princípios que muitos julgavam como absolutos. Um deles tem que ver com a autonomia do movimento desportivo e com a insuscetibilidade de as autoridades políticas interferirem  em decisões desportivas. Agora são os poderes políticos nacionais que decidem quais as competições permitidas e quais as competições e as atividades e os  desportos interditos. Agora são as autoridades sanitárias que determinam, até, jogos que se podem efetuar ou não se podem realizar. Tanto a nível interno como a nível internacional. E sem que haja consequências desportivas por parte de Federações desportivas, nacionais ou  internacionais, no caso de não comparência de equipas, ou até, em certas situações, de seleções. O vencedor da Liga dos campeões da Oceânia, o Auckland City, não marcará presença no Mundial de Clubes que, em principio, se disputará entre 1 e 11 de fevereiro no Catar. E a própria FIFA justifica a ausência afirmando-a com as «medidas decretadas pelas autoridades da Nova Zelândia». Que prevalecem sobre as decisões da FIFA em matérias de isolamento e de quarentena! E acredito que sem uma vacinação generalizada, o Europeu de futebol pode não decorrer na forma prevista, e concentrar-se num ou em dois países. Como os Jogos Olímpicos de Tóquio podem determinar, a concretizarem-se, acrescidas exigências sanitárias. Diria na linha de René Descartes que «não existem métodos fáceis para resolver  problemas difíceis». Mas também recordo, com Marco Cícero, que «quanto maiores as dificuldades a vencer, maior a satisfação»! E a concretizar-se esta satisfação diremos com muita vontade: Assim… SIM!