OPINIÃO As SAD e os desafios dos tempos
'Tribuna Livre' é um espaço de opinião, sem periodicidade certa, destinado a acolher colaborações ocasionais de personalidades externas
Assistimos a um mercado de transferências morno ao nível da Europa. Mas sempre na expectativa de alguma transferência milionária que fizesse andar o carrossel das vagas abertas, um negócio capaz de fazer tremer a terra do futebol. Tivemos a chegada de Mbappé ao Real Madrid a custo zero — imagine-se! —, e os 47 milhões de euros com que aquele que é, para muitos, o maior clube do Mundo comprou Endrick. Estes movimentos sinalizaram uma moderação no mercado europeu neste verão. O destaque, pasme-se, foi para o rival dos merengues, o Atlético Madrid, que captou a atenção ao ir a Inglaterra contratar Julían Alvarez por 75 milhões de euros, numa tentativa de Simeone de contrapor-se à aquisição da estrela francesa. As transferências internas no mercado inglês, como Dominic Solanke, Pedro Neto e Amadou Onana não foram surpresas, dado o histórico dos clubes ingleses de se concentrarem nas suas bolhas e apostando em escolhas seguras, já adaptadas à competitiva Premier League.
É evidente que a chegada de Douglas Luiz à vecchia signora, João Félix ao Chelsea ou até mesmo João Palhinha ao Bayern foram significativas, mas faltou aquela grande transferência que permitisse aos grandes clubes portugueses gerarem receitas que os colocassem em pé de igualdade com os rivais europeus no cenário internacional. O maior sinal dos tempos reside (ainda) no avançado sueco do Sporting, Viktor Gyokeres . Em condições normais (e até pela experiência adquirida em Inglaterra) já seria jogador da Premier League na presente temporada. A verdade é que nenhum colosso solicitou o IBAN ao clube de Alvalade ou manifestou interesse em negociar com os leões.
Agosto já foi e aguardemos pelo fatídico mês de Janeiro, com as competições já em pleno andamento, e com os clubes a precisarem de manter a competitividade para ganhar jogos e os treinadores a terem de ser capazes de motivar as suas tropas a nunca perderem o foco. É sem dúvida um dos grandes desafios das sociedades desportivas: equilibrar a importância de captar receitas e a necessidade de vencer. Neste mercado aberto, escolher bons treinadores habilitados para trabalhar tanto a vertente tática quanto a psicológica e edificar estruturas blindadas que giram as expectativas dos seus activos (jogadores) e agentes que os representam — sempre alinhados com o timoneiro — serão a chave para garantir o sucesso.
Como diria um velho sábio do futebol, todos sabem que é preciso fazê-lo mas quem tem a real capacidade de o executar? Neste mercado, ao final do dia, importam apenas dois resultados: os desportivos e os financeiros.
E, voltando ao assunto que aqui nos trouxe, será que estamos a presenciar uma nova era de contenção nas transferências de jogadores? Estarão os clubes a ajustar as suas estratégias em resposta aos preços inflacionados do passado? As respostas, essas sim, estão na máquina do tempo, reservadas para o futuro.