Com a deslocação do FC Porto ao Nacional termina hoje a primeira volta. Num campeonato em que a distância entre grandes e pequenos é cada vez maior, a saída de Ruben Amorim veio fazer com que a luta pelo título esteja muito animada. De uma forma simples, nivelou-se a Liga por baixo e não por cima. Durante este artigo elejo aqueles que para mim são as principais figuras da primeira volta. Ruben Amorim Ruben Amorim é, para mim, a grande figura da primeira volta. Saiu com 11 vitórias, 39 golos marcados e quatro sofridos. O futebol que o Sporting praticava e a confiança que demonstrava deixava os rivais desmotivados. Deixou o Sporting na liderança a todos os níveis. Também é a figura porque foi a sua saída para Manchester que colocou a nu as fragilidades de Frederico Varandas e o seu enorme ego, e foi esse ego que fez com que o Sporting perdesse muitos pontos e com que continue a tomar más decisões. O regresso de João Pereira, depois da sua saída há alguns dias, é mais um capítulo que faz com que equacionemos a gestão que o Sporting está a seguir. Será que as decisões são tomadas por meritocracia? Pedro Coelho, que era treinador dos sub-23, foi promovido para a equipa B e agora é dispensado para regressar João Pereira. Em dois meses, Pedro Coelho passou de ser o treinador ideal para a equipa B para se tornar dispensável? Será que o regresso de João Pereira tem a ver com o facto de Frederico Varandas querer provar que tem razão quanto ao futuro do jovem treinador? O que pensarão todos os outros treinadores das camadas jovens do Sporting ao ver esta novela? João Pereira será apenas treinador da equipa B ou irá no futuro ter outra oportunidade? Gyokeres Poucos jogadores tiveram o impacto que o sueco teve no nosso campeonato. Fisicamente é muito forte e mentalmente quer sempre mais o que faz com que todos os que estão à sua volta nunca desliguem. É móvel, é intenso e tem compromisso com a equipa. Faz golos, muitos golos. Destrói e condiciona defesas com as suas movimentações e a sua capacidade física. Foi a peça que permitiu que o Sporting pudesse atingir outro patamar. Valorizou-se e valoriza quem joga à sua volta. Utilizando uma expressão de Frederico Varandas, a contratação de Rui Borges permitiu que Gyokeres pudesse voltar a ser Gyokeres. Tem mais golos marcados (21) sozinho do que 12 equipas da Liga. Di María, Samu e Trincão Destaco também Di María, Samu e Trincão pela importância que estão a ter nos seus clubes. Di María destaca-se pela sua qualidade individual que ganha ainda mais preponderância numa equipa que depende muito da inspiração individual. Coletivamente a equipa encarnada mostra poucos automatismos, sendo Pavlidis o principal prejudicado. Samu chegou viu e venceu. Um investimento elevado (€15 M por 50% do passe) que tem sido justificado com golos. Tem apenas 20 anos e ainda tem muito para melhorar. Todos sabemos a importância de uma equipa grande ter um jogador que tenha a capacidade de finalizar e desequilibrar os jogos. Samu tem sido esse jogador no FC Porto. Por fim, destaco Trincão. Nestas 17 jornadas do campeonato teve momentos mágicos. Qualidade técnica incrível e confiança para desequilibrar com regularidade. Nesta primeira volta, ofensivamente, foi um jogador preponderante no Sporting. Vítor Bruno Desde cedo muito contestado. Teve o mérito de não se atemorizar. Enfrentou adeptos, colocou ordem e regras no balneário e fez com que a sua equipa recuperasse a confiança e ultrapassasse uma fase menos positiva. Se hoje vencer estará em primeiro no fim da primeira volta. Tem sido brilhante? Longe disso. Tem o melhor plantel? Claramente que não. Destaco-o porque nos momentos difíceis soube assumir-se. Recuperou a desvantagem pontual e hoje pode chegar à liderança isolada. Contra as equipas de menor dimensão foi competente. Contra Benfica e Sporting (com exceção da Supertaça) ainda não conseguiu ser superior. Um clube que perde Taremi, Evanilson, Pepe e Francisco Conceição fica mais frágil. Estes jogadores representavam liderança, qualidade e irreverência. Se hoje vencer ficará isolado numa primeira volta em que jogou na Luz, Alvalade, Guimarães, Famalicão e no Santa Clara. Rui Borges Há um ano identifiquei-o como um dos destaques da primeira metade do campeonato. Rui Borges reforçou esse destaque com o seu trabalho no Vitória e pelo que está a fazer no Sporting. No Vitória de Guimarães tem um histórico incrível. Todos sabemos as dificuldades de complementar as competições europeias com as competições nacionais. O trajeto da equipa minhota na Europa é incrível. Apresentou um futebol atrativo que lhe permitiu igualmente valorizar ativos. Em seis meses deixou a sua marca no Minho e os cofres bem cheios. Por fim, chegou a Alvalade num momento turbulento. Aumentou ou restabeleceu a confiança. Trouxe positividade. Voltou a fazer acreditar jogadores e adeptos. É frontal na comunicação e explica as suas ideias de uma forma simples. Conseguiu acordar o Sporting e trazê-lo de novo à luta pelo título depois das asneiras de Frederico Varandas. Vasco Matos Depois de subir o Santa Clara com todo o mérito, está a fazer uma grande temporada. Tem os mesmos pontos que o SC Braga. Normalmente quem sobe de divisão, no ano seguinte, costuma ter dificuldades de adaptação. No Santa Clara isso não aconteceu. Vasco é um treinador jovem. É intenso, exigente e sabe organizar as suas equipas. Tem uma caraterística muito própria dos vencedores: é corajoso e passa isso aos seus jogadores. Faz com que eles acreditem até ao último minuto.