Arbitragem: assim não
Se os árbitros vão apenas dizer o que apitaram, então mais vale mesmo estarem calados
A arbitragem portuguesa está sempre debaixo de fogo. Muitas vezes injustamente, diga-se. Outras com razão de quem lhe aponta o dedo. É o caso desta jornada e sobretudo do que se passou na Luz, no Benfica-Estoril.
Comunicar para o estádio e para quem vê em casa é um ótimo passo para desmistificar teorias e devia ser aproveitado para esclarecer situações.
No fundo, para educar um público sempre ávido de criticar e pouco conhecedor das regras. Sim, pouco conhecedor.
Faça este teste. Quando começar um debate sobre futebol e, sobretudo, sobre a arbitragem, faça a simples pergunta ao seu interlocutor: quantas Leis tem o jogo de futebol?
A partir daí podemos começar a falar. Ou não, porque muitas vezes não vale a pena dialogar com quem não pretende aprender, apenas criticar.
Não posso, porém, deixar de apontar o dedo desta vez. Em duas situações, nesta jornada, tivemos dois árbitros a falar para o público: no estádio, na rádio, na TV e em todas as plataformas digitais.
Não se trata de discutir as decisões, para isso temos nas páginas de A BOLA o Duarte Gomes em todos os jogos que envolvem os candidatos ao título e o Pedro Henriques nos clássicos e dérbis na opinião-vídeo. Trata-se, sim, de criticar para se evoluir.
A comunicação de Fábio Veríssimo no Rio Ave-SC Braga foi melhor do que a Manuel Oliveira no Benfica-Estoril.
Nos Arcos, ainda se esclareceu que havia um fora de jogo posicional.
«Após revisão, jogador atacante n.º23 em posição de fora de jogo interfere com um defensor no início da jogada. Decisão final fora de jogo, cancelar o golo.»
O que está a negrito explicita para quem não tem apoio das imagens o que sucedeu e o que esteve na base da decisão.
BENFICA-ESTORIL
Já o que aconteceu na Luz foi muito diferente. Manuel Oliveira usou o intercomunicador para simplesmente dizer que não havia falta de Mangala sobre Marcos Leonardo. Após a comunicação para o estádio, ficámos a saber exatamente o mesmo. Que o árbitro considerou que não há falta.
O que se devia ter feito era justificar porque é que o lance entre Mangala e Marcos Leonardo não é passível de infração. Para dizer que não há falta, não é preciso fazer-nos perder tempo, basta mandar seguir o jogo.
A ideia de ligar um intercomunicador e falar às pessoas seguramente que não é esta que se passou neste fim de semana. Os árbitros têm de saber explicar as decisões e não apenas anunciá-las. Porque se vão apenas dizer o que apitaram, então mais vale mesmo estarem calados. Estamos mesmo, mesmo no início. Mas convém atacar a questão logo de princípio, para não se criarem maus vícios ou novas teorias.