Amorim tem (quase) tudo o que pediu para o Sporting ser bicampeão
O treinador do Sporting, Rúben Amorim, e o diretor desportivo, Hugo Viana. A BOLA

Amorim tem (quase) tudo o que pediu para o Sporting ser bicampeão

OPINIÃO30.08.202408:00

Já ouvi dizer que se o Sporting falhasse Ioannidis ficava com o mercado falhado. Não fica. E Viana só ficaria com esse peso nas costas porque quis satisfazer o desejo do seu treinador

«Geralmente, ganha o prémio de melhor treinador aquele que vence o campeonato. Este prémio não é só nosso. É também dos nossos roupeiros, do ‘team manager’, do nosso gabinete de observação que nos ajuda a preparar cada jogo, do nosso gabinete de apoio ao jogador, que liberta de qualquer tipo de responsabilidade, o gabinete de ‘scouting’, é só olhar para o Viktor [Gyokeres] e perceber o impacto que eles têm, do gabinete de comunicação (…). Todos os treinadores da formação (…). Todos os treinadores deveriam ter a sorte de trabalhar com o Hugo Viana, não só pela competência mas pela lealdade que tem para com todos os treinadores. Toda a gente que a partir de hoje tem a sorte de treinar o Sporting irá parecer muito melhor do que realmente é.»

Com este discurso, Rúben Amorim partilhou um prémio que é muito seu, o de melhor treinador da época 2023/2024 atribuído pela Liga Portugal e votado pelos seus pares — todos os treinadores e capitães de equipa. E fê-lo com aqueles que diretamente com ele trabalham todos os dias no campo e nas cabinas da Academia Cristiano Ronaldo, em Alcochete, mas igualmente com um elemento que tem gabinete também em Alvalade: Hugo Viana. Uma nota importante e que, embora ainda faltem mais três dias para o fecho do mercado em Portugal, o treinador tem mesmo de fazê-la, pela forma como o diretor desportivo trabalhou nesta janela de transferências e pelo que já lhe ofereceu.

Falta ainda o avançado. Já ouvi dizer que se o Sporting falhasse Ioannidis — e tudo assim indica dada a intransigência do presidente do Panathinaikos e alguma inoperância dos empresários gregos do jogador, com os leões a jogarem já em tabuleiro diferente — ficava com o mercado falhado. Não fica e Hugo Viana, se por acaso viesse a carregar com esse peso, da opinião pública, nas costas ficaria a devê-lo só porque quis satisfazer o desejo do seu treinador — a luta por Ioannidis chegou «até ao impossível», como Amorim disse que devem ser as lutas pelos jogadores mais desejados, e Viana teve muito mais trabalho e stress do que teria se mais cedo se tivesse virado para outros objetivos. Não o fez por uma razão: para satisfazer o desejo do técnico campeão nacional. Amorim sabe disso, da lealdade e amizade que existe, e só lhe fica bem agradecer. Mesmo que Ioannidis não vista de verde e branco.

Era preciso um guarda-redes que encaixa-se no processo, a jogar bem com os pés, e a administração deu-lhe o guarda-redes com as características pedidas. Era preciso um central e Viana deu-lhe o internacional belga desejado, por mais de €15 milhões. Era preciso um extremo/ala para a esquerda e a SAD encontrou um internacional uruguaio que se destacou na Copa América, também por 15 milhões (comissões incluídas). Falta o avançado e mesmo que não seja o mais desejado acaba por completar um plantel que, na era Amorim, será o mais equilibrado de sempre, com (pelo menos) duas soluções de qualidade para cada posição.

O plano do Sporting para o próximo mercado

9 março 2024, 00:15

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Posições a reforçar no verão: guarda-redes, central, extremo e ponta de lança. Quando se diz que o plantel é curto, leões já pensam na próxima época, em que pretendem voltar a jogar numa Liga dos Campeões agora renovada; grupo mais extenso; Dário Essugo e Mateus Fernandes na equação do meio-campo

Vejamos este exercício — na baliza, há Kovacevic e Israel; para central à direita Quaresma e Debast (e ainda St. Juste quando voltar e Fresneda a ser trabalhado para o lugar); central ao meio: Diomande e Debast; Gonçalo Inácio e Matheus Reis fazem central à esquerda; na ala direita Geny Catamo e Geovany Quenda (com Fresneda também) e na esquerda Nuno Santos e Maxi Araújo; no miolo Hjulmand, Morita, Bragança e com a chegada de Maxi para o lado canhoto fica mais fácil poder recuar Pedro Gonçalves; no trio de ataque Trincão, Edwards e Quenda para a direita; Pedro Gonçalves e Maxi para a canhota; só o ponta de lança falta definir, sendo que há sempre Gyokeres.

«Toda a gente que a partir de hoje tem a sorte de treinar o Sporting irá parecer muito melhor do que realmente é», disse Amorim, que já é excelente treinador e tem (quase) tudo o que pediu para poder ser bicampeão.