Acredita que Ronaldo vale 22 Gyokeres?

Gyokeres marcou 46 golos em 2023/2024. Craque, não? Espantoso, claro! Fulgurante, sem dúvida. Agora imaginem que o sueco o fazia em 22 épocas. Sim: 22! É isto que CR7 vale: 22 épocas de VG!

Cristiano Ronaldo leva 22 anos de futebol sénior. Soma 1253 jogos e apontou 910 golos. Apenas como jogador de Sporting, Manchester United, Real Madrid, Juventus, Al Nassr e Seleção de Portugal. São, em média, 57 jogos e 41 golos por ano. Há um ano, em 2023/2024, Viktor Gyokeres marcou 46 golos: 43 pelo Sporting e 3 pela Seleção da Suécia. Craque, não? Espantoso, claro! Fulgurante, sem dúvida. Agora imaginem que o avançado sueco o fazia em 22 épocas da sua carreira. Sim: 22! É isto que Ronaldo vale: 22 épocas de Gyokeres!

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Ronaldo marcou 468 golos até completar, a 5 de fevereiro de 2015, 30 anos. O que significa que, entre os 30 e os quase 40, apontou 442. Sim, caro leitor, não é erro: quatrocentos e quarenta e dois golos entre os 30 e os quase 40. Daqui a 26 (talvez lá para o final desta época), Ronaldo passará a ter mais golos após os 30 do que até aos 30. Frente a uma baliza, continua a ser uma espécie de Demolition Man, mistura de Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jean-Claude Van Damme e Dwayne Johnson. Ah e tal, já só marca de penálti, já só marca na Arábia Saudita, já só marca frente a defesas frágeis e equipas cinzentas. Toma lá um golaço de bicicleta com a Polónia!

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Há dois períodos infinitamente entusiasmantes na carreira de Cristiano Ronaldo. Primeiro: 2010/2011 a 2015/2016. Seis épocas em que, no Real Madrid e na Seleção Nacional, marcou 370 golos. Sim, caro leitor, não é erro: trezentos e setenta golos. Dá 62 golos por época: 62! Daí para cá, apontou mais 86 no Real Madrid, mais 101 na Juventus, mais 27 de novo no Man. United, mais 74 no Al Nassr e, por fim, mais 74 na Seleção: mais, mais, mais.

Passemos ao segundo período entusiasmante que, por acaso, vem antes do primeiro: 2002/2003 a 2011/2012. Nestas dez temporadas, entre os 17 e os 27 anos, só marcou 269 golos. Pouco, de facto: 27 golitos em média por cada uma delas. Mas, meus caros, algumas das mais fantásticas exibições do menino da Madeira não tiveram por base, nesse período, os golos. Antes, sim, as fintas e o modo como desfazia defesas à custa de infinitas jogadas em que o seu virtuosismo rebentava equipa inglesas ou espanholas. Sobretudo estas. Se tiveram dúvidas, vão ao Youtube e confirmem. O Ronaldo de 2003 a 2012 e mesmo o de 2012 a 2016 nada tem a ver com o Ronaldo atual. Começou por ser um extremo puro, transformou-se num extremo que ia para a área, passou a ser um ponta-de-lança e agora joga de Ronaldo.

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Lembro-me que, um dia, quando eu e o meu camarada Miguel Cardoso Pereira tivemos oportunidade de entrevistar Pablo Aimar, perguntámos-lhe: em que zona do campo é que Messi joga melhor? A resposta dele foi clara. «Não sei. Messi joga de Messi. Onde quer e como quer.» É quase como Ronaldo. Já não é extremo puro, já não é extremo que vai para a área, já nem sequer é ponta-de-lança. Anda por ali, como um vagabundo, por onde quer e por onde o deixam. Depois, como um escorpião a quem permitem que ande perto, morde e marca golos.

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Sou sincero. Até eu, fã incondicional de CR7, já sugeri, algures na parte final de 2022, que estava na hora de ele parar. Esqueci-me de que Ronaldo (como Messi ou Eusébio) é de carne e osso. Carne de primeira, claro; osso de primeira, claro. Mas carne e osso apenas. Teve problemas pessoais que o fizeram cair para um patamar inadequado a uma estrela da sua grandeza (e sim: mereceu ir para o banco no Mundial do Catar), mas reiventou-se vezes sem conta. Vai a caminho dos mil golos e eu já acredito em tudo: 910, 920, 930, 940, 950, 960, 970, 980, 990, 991, 992, 993, 994, 995, 996, 997, 998, 999 e, por fim, 1000.