OPINIÃO A vitória de que o Benfica precisava
Como Benfica, FC Porto e Sporting, apesar de tão diferentes, coincidem tanto
A vitória do Benfica sobre o FC Porto não foi uma vitória qualquer para o Benfica. Nem a derrota do FC Porto com o Benfica foi uma derrota qualquer para o FC Porto.
O 4-1 é um daqueles resultados que a erosão dos elementos não fará desaparecer. Haverá sempre alguém que nele tropeçará quando puxar a fita do tempo atrás, como tropeçará nos 5-0 com que o FC Porto venceu o Benfica na época passada. Foi a vitória de que o Benfica precisava neste momento, para começar por ter acabado de fazer um péssimo jogo com um resultado nem muito mau com o Bayern.
Essa noite da Liga dos Campeões despertou quem andava adormecido ou escondido do desporto de atirar ao Benfica e está sempre pronto para ter aprovações e gostos nas redes sociais, para ter cliques ou ter prazer com sorrisos de desdém. Também originou reflexões que devem ser consideradas, por ter sido um Benfica pequeno de mais contra um Bayern muito bom mas não tão bom como já foi há não muito tempo.
O que poucos ainda não terão percebido é que também pelas decisões tomadas em Munique, nomeadamente por Lage ter poupado Florentino, Di María ou Pavlidis, e por não ter saído da Alemanha destruído emocionalmente por uma goleada começou o Benfica a ganhar o clássico.
Mas a vitória sobre o FC Porto foi também a vitória de que o Benfica precisava para aplacar fúrias, dúvidas, críticas, instabilidade. Desde março que sócios e adeptos não podiam ver Roger Schmidt e, no entanto, ele continuou esta época. Os resultados com Bruno Lage serenaram ânimos, provavelmente não acabaram com todas as desconfianças. Ao mesmo tempo sob o Benfica paira a incerteza das consequências da acusação de corrupção ativa.
A vitória do Benfica sobre o FC Porto, pelo significado de afirmação contra o maior adversário em Portugal nas últimas décadas e pelo contexto das mais diversas dificuldades de que o clube teima em não se libertar, não foi uma vitória qualquer para o Benfica.
A vitória do Benfica sobre o FC Porto, por ter sido a vitória que muitas vezes deixou escapar, não foi uma vitória qualquer para o Benfica.
Nunca poderá, porém, ser considerada um fim, mas sim um princípio. Reforça convicções nas últimas decisões, destapa méritos na construção do plantel, aumenta confiança em relação ao futuro. Nela deve o Benfica criar fundações.
A derrota do FC Porto com o Benfica não é uma derrota qualquer para o FC Porto. Também despertou que andava adormecido ou escondido no desporto de atirar a Villas-Boas.
O resultado só prova que este novo FC Porto também está no princípio, ainda agrilhoado a um passado que pouco mais lhe permite do que gerir o presente. Este começo nunca seria fácil, apesar de para muitos ser fácil não perceber o que óbvio.
A saída de Rúben Amorim para o Manchester United é, também para o Sporting, um princípio. Pode o clube estar mais bem organizado e ter método, mas nada é mais importante que as pessoas.
O discurso de João Pereira na apresentação como treinador do Sporting foi bom na forma e no conteúdo. Mas foi só o princípio.