A semana que nunca mais tem fim
Gyokeres tem seis golos em três jogos na Liga 2024/2025 (IMAGO)

A semana que nunca mais tem fim

OPINIÃO26.08.202408:15

Cartas na mesa é o espaço semanal de opinião do jornalista José Manuel Delgado

Aproxima-se a passos largos o encerramento da janela de transferências de verão, o que leva a que muitos treinadores de equipas portuguesas vivam os dias que se seguem de coração nas mãos e sono alterado. Sendo verdade que as contas à nova época começam a ser feitas normalmente a partir de março/abril, e o objetivo é ter, tão cedo quanto possível, definido o plantel, por forma a dar à equipa técnica tempo e espaço para trabalhar e apresentar serviço de qualidade quando chega o kick-off da nova temporada, não é menos verdade que a vulnerabilidade financeira dos clubes portugueses, quando comparados com os emblemas mais ricos dos ‘big five’ – especialmente os ingleses, que têm montado o melhor negócio de futebol do Velho Continente -, leva a que só haja certezas quanto a saídas, neste caso de 2024/25, a partir do final da próxima sexta-feira (véspera de clássico em Alvalade) quando fecharem os mercados de Inglaterra, Espanha, Itália, França e Alemanha. Até lá, o síndroma ‘Enzo Fernández’ (que saiu ser dar tempo ao Benfica de encontrar substituto) estará presente nos espíritos de Rúben Amorim, quanto a Gyokeres, de Vítor Bruno, no que respeita a Galeno, ou no de Roger Schmidt, face a João Neves (ups, é verdade, já me esquecia, João Neves anda a espalhar magia por Paris). Assim se percebe o afã dos três grandes em garantir em tempo útil alternativas, que por um lado possam disfarçar as saídas dos jogadores mais cotados, e por outro, caso estes se mantenham, dotem os plantéis de maior profundidade.

Hoje ainda é prematuro, mas a meio da próxima semana valerá a pena fazer contas ao deve e haver de cada clube no mercado (basicamente quanto arrecadou para equilibrar contas) , e ao plantel que tinha e ao que passou a ter, não perdendo de vista, especialmente no que toca a quem luta pelo título, que esta época de 2024/25 só apura o campeão para a Champions (e dificilmente haverá a taluda que saiu ao Benfica, segundo na época passada, que mesmo assim teve entrada direta) e haverá pelo menos oito jogos europeus, que nos dirão, até pela nova fórmula de classificação, que disporá os clubes, terminada a fase de grupos, do primeiro ao trigésimo sexto lugar, onde se situam os nossos representantes no contexto da UEFA. E por falar em UEFA valerá a pena saudar a boa notícia que é, em termos de ranking, a quase certa entrada do Vitória Sport Clube na Liga Conferência (e há que acreditar no SC Braga, na Liga Europa), o que pode ajudar a inverter a tendência de queda em que nos temos visto envolvidos.

No sábado há clássico em Alvalade, onde se defrontam os invictos Sporting e FC Porto, que será jogado sob o signo da pedra no sapato que continua a incomodar o leão desde que perdeu a final da Supertaça para os dragões, permitindo que uma vantagem de 3-0 se transformasse num 3-4 final. Para a equipa de Rúben Amorim, mesmo que os três pontos em disputa continuem a ser o mais importante, haverá um tira-teimas no subconsciente de quem saiu de Aveiro vencido mas não convencido, que não deixará de ser peça importante no desenrolar da partida. Contra um FC Porto que tem sabido disfarçar as evidentes limitações herdadas de uma situação financeira catastrófica, com organização, atitude e maximização de recursos, a palavra de ordem leonina só poderá ser, e perdoem-me a analogia bélica, ‘não fazer prisioneiros’, apostando numa demonstração de força que, na Supertaça, não passou das promessas. E no sábado se saberá se ainda haverá Gyokeres a rugir alto e Galeno a cuspir fogo…